Título: Primeiro-ministro evita falar de vaga no conselho da ONU
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2005, Nacional, p. A4

Nem no discurso, nem em outros contatos o primeiro-ministro José Luis Zapatero deu qualquer sinal de apoiar a indicação do Brasil para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele defendeu apenas a ampliação do Conselho: "O Brasil é um país determinante para a futura conformação da ordem internacional", afirmou Zapatero, para em seguida elogiar sua "liderança crescente em âmbito ibero-americano", além da projeção do Brasil na África e na Ásia. "Temos a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, de sua ampliação, para que possam estar presentes países com grande relevância na ordem internacional.", disse ele. Na verdade, Zapatero apenas reproduz a posição oficial do país, que herdou do conservador José María Aznar. A Espanha defende a reforma do conselho, com a ampliação apenas dos membros não-permanentes. A posição espanhola não contempla o aumento do restrito grupo de cinco países, que são os membros efetivos e que têm o direito a vetar as decisões, mesmo as majoritárias. Mesmo que venha a alterar essa postura, dificilmente a Espanha viria a apoiar o Brasil, pois tem elos extremamente fortes com México e a Argentina, também candidatos. Como membro da União Européia, a Espanha apoiará o francês Pasqual Lamy. O espanhol também endossou a Iniciativa contra a Fome e a Pobreza, organizada por Lula, e ingressou no clube de defensores dessa idéia.