Título: Genoino adverte que ministro candidato terá de deixar cargo
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2005, Nacional, p. A10

O critério escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reforma ministerial, de dispensar os ministros petistas que queiram disputar um cargo majoritário (de governador ou senador) em 2006, recebeu ontem o apoio do presidente nacional do PT, José Genoino. Empenhado na campanha do candidato oficial do partido à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh, o presidente do PT aguarda apenas o desfecho da disputa para procurar os três ministros petistas que se enquadram neste perfil: Humberto Costa (Saúde), Olívio Dutra (Cidades) e, talvez, Marina Silva (Meio Ambiente).

"O PT é simpático a esta idéia e acha interessante que quem for candidato majoritário vá se preparando desde já", diz Genoino.

Embora o critério palaciano tenha três endereços certos, Genoino recusa-se a tratar de nomes. Afirma apenas que "é claro" que a direção partidária vai conversar com os ministros candidatos, até porque uma candidatura a governador tem que ter uma fase de pré-campanha, de arrumação de alianças, e de visitas ao Estado.

NÚCLEO

Como o presidente também deixou claro que o chamado núcleo político de seu governo será mantido intacto na reforma da equipe, já têm garantia de permanência os ministros petistas José Dirceu (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Jaques Wagner (Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), além de Aldo Rebelo (Coordenação Política), do PC do B.

Excluído do critério geral pela segunda regra aplicada apenas ao Planalto, Wagner é o único ministro palaciano que cogita sair candidato a governador. Mesmo assim, ele ganha um argumento para se livrar da pressão política em favor de sua candidatura ao governo da Bahia. Se até lá a reeleição do governador pefelista Paulo Souto for dada como iminente, ele poderá recorrer à regra geral da demissão dos ministros candidatos para construir o discurso do constrangimento de concorrer diante dos companheiros petistas demitidos um ano antes.

Por outro lado, a regra geral também excetua os ministros de partidos aliados que Lula quer manter para evitar problemas em sua base de sustentação política no Congresso. Afinal, tanto Aldo Rebelo quanto os petistas Antônio Palocci (da Fazenda), Nilmário Miranda (Direitos Humanos), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Ricardo Berzoini (Trabalho) são prováveis candidatos à reeleição. Também é este o caso do peemedebista Eunício Oliveira (Comunicações), do socialista Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e do trabalhista Walfrido Mares Guia (Turismo). O mesmo critério poderá ser usado se Lula decidir manter em seu posto o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz (PC do B).