Título: Para especialista, falta de remédios no Brasil é alerta
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2005, Vida &, p. A11

Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam que os problemas no fornecimento de remédios para combater o HIV no Brasil devem ser vistos como um "alerta" ao País e às economias emergentes que se esforçam distribuir o coquetel antiaids aos pacientes. A informação é do brasileiro Marco Vitória, que trabalhou na adoção do programa da aids no Brasil e hoje é um dos principais operadores do plano da OMS para dar medicamentos a 3 milhões de aidéticos até 2006. Atualmente, cerca de 770 mil doentes recebem gratuitamente o coquetel no mundo, 12% do número de pessoas que precisam dele. Segundo o técnico, a falta de remédios no Brasil mostra que os governos devem pôr em prática planos para garantir o suprimento das matérias-primas usadas nos coquetéis e incrementar a capacidade de produção, sob risco de ver a situação se repetir. Apesar de destacar que esse foi um caso localizado, Vitória diz que um dos problemas enfrentados no combate à aids é garantir a produção suficiente dos sais usados no coquetel. A maior carência de remédios ocorre em São Paulo e o governo teve de importar AZT (Zidovudina), Lamivudina (3TC) e Indinavir da Argentina. O que preocupou os técnicos é que nenhum desses produtos é patenteado, o que não permite ao governo culpar as multinacionais pela falta de suprimento. Para Vitória, outra medida que ajudaria o Brasil a planejar uma distribuição mais eficiente seria a adoção de uma só cápsula para os vários remédios, estratégia que vem sendo adotada, com sucesso, na OMS.