Título: Bush e Chirac selam reconciliação e prometem superar diferenças
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2005, Internacional, p. A14

Os presidentes dos EUA e França, George W. Bush e Jacques Chirac, comprometeram-se ontem em superar suas diferenças e restaurar as relações, apesar dos desacordos sobre a guerra no Iraque. Eles se reuniram ontem em Bruxelas em um jantar na Embaixada dos EUA na Bélgica. "Estou procurando por um bom caubói", brincou Bush quando um repórter francês perguntou se as relações haviam melhorado ao ponto de o presidente americano convidar Chirac para ir a seu rancho no Texas.

Chirac observou que as relações entre a França e os EUA têm sido "excelentes durante mais de 200 anos". "Isso não significa necessariamente que concordamos sobre tudo e sempre", disse.

Em um comunicado conjunto, Bush e Chirac exigiram a imediata retirada síria do Líbano, redobrando a pressão sobre Damasco após o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri (ler mais na página A12).

Bush iniciou ontem uma visita de dois dias a líderes da União Européia, pedindo ao Velho Continente que esqueça "o desacordo passageiro" sobre a guerra no Iraque. "Necessitamos de aliados fortes para ampliar a liberdade e a paz no mundo", disse Bush em seu discurso. Ele pediu que "as democracias estabelecidas ajudem às novas democracias do mundo nos campos político, econômico e de segurança", referindo-se principalmente ao Iraque, que realizou eleições livres em 30 de janeiro.

Os EUA e a Europa não podem ficar divididos por "discussões breves ou passageiras divergências dos governos", pediu Bush, tentando pôr um ponto final à disputa em torno da guerra no Iraque.

"Agora que as velhas discussões se desvanecem e ficam claras as grandes tarefas, iniciemos uma nova era da unidade transatlântica", disse. Ele descreveu a aliança entre a Europa e os EUA como "um pilar central" da segurança no novo século.

Bush repassou em seu discurso os assuntos que tratará com seus colegas europeus hoje em uma cúpula com a UE - na qual se espera que os países se comprometam a participar na missão da Aliança Atlântica (Otan) no Iraque - começando pela resolução do conflito palestino-israelense que, segundo ele, "deve ser o objetivo imediato de europeus e americanos". O presidente também pediu ao regime iraniano "que deixe de apoiar os terroristas" e "não desenvolva armas nucleares".

Com relação à Ucrânia, ele considerou que o país "deve ser acolhido na família euro-atlântica", um dias antes de um encontro com o novo presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, em Bruxelas.

Bush disse que o futuro da Rússia também está na família da Europa e na Aliança Atlântica. "Para a Rússia progredir como uma nação européia, Moscou precisa renovar seu compromisso com a democracia e o Estado de direito", disse Bush, que se reunirá quinta-feira em Bratislava com o líder russo, Vladimir Putin.

Com relação ao Oriente Médio, Bush disse que um Estado palestino territorialmente dividido não pode funcionar, defendendo uma ligação contínua dele. E declarou que o novo presidente palestino, Mahmud Abbas, tem agora a oportunidade de avançar em uma "estratégia de reformas".