Título: BB alcança lucro líquido de R$ 3 bi, o maior de sua história
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2005, Economia, p. B5

O Banco do Brasil (BB) obteve em 2004 o maior lucro líquido da sua história. Foram R$ 3,024 bilhões no ano passado, ante R$ 2,381 bilhões em 2003. Desse total R$ 954 milhões foram destinados aos acionistas, com o Tesouro Nacional recebendo R$ 687 milhões. O presidente em exercício do banco, Rossano Maranhão Pinto, disse que um resultado dessa envergadura não é surpresa e que já era esperado por quem acompanha a trajetória da instituição. "Os resultados do banco são compatíveis com os do mercado", disse. O BB antecipou o pagamento dos dividendos aos acionistas. Falta o desembolso de apenas R$ 225 milhões, dos quais R$ 162,5 milhões para o Tesouro. O desempenho recorde do BB no ano passado fez com que as ações da instituição disparassem na Bolsa, com variação positiva de 35,4% em relação a 2003.

Rossano Maranhão Pinto atribuiu o resultado recorde do banco ao crescimento da ordem de 14% nas operações de crédito. A carteira de crédito da instituição passou de R$ 77,636 bilhões em dezembro de 2003 para R$ 88,554 bilhões em dezembro de 2004.

Ele explicou que, pouco a pouco, as operações de tesouraria, baseadas no rendimento dos títulos públicos que a instituição tem em carteira, deixaram de ser preponderantes. Pelos dados do balanço a receita proveniente da intermediação financeira contribuiu com 70% para o lucro do banco, enquanto o rendimento dos títulos públicos correspondeu a 30%.

O aumento do volume de crédito à disposição dos clientes não explica todo o lucro do BB no ano passado, 27% acima do verificado em 2003. As receitas de prestação de serviços cresceram mais de 20% pro causa do aumento da base de clientes e da elevação das tarifas. Em 2003, o BB recebeu R$ 5,491 bilhões pelos serviços bancários e, no ano passado, R$ 6,606 bilhões. Essas receitas, segundo o gerente executivo de Relações com os Investidores, Marco Geovanne Tobias da Silva já cobrem 96,9% das despesas de pessoal do banco.

PROVISÃO

Para se prevenir de eventuais maus pagadores o BB tratou também de elevar em 38,5% a provisão para créditos de liquidação duvidosa, que passou de R$ 3,265 bilhões para R$ 4,521 bilhões. O BB explicou esse aumento exagerado pela posição conservadora da instituição, uma vez que o nível de inadimplência apresentou pouca alteração durante o ano e as operações vencidas com mais de 60 dias só representam 3,3% do total da carteira.

Para este ano, o presidente do banco garante que a instituição vai continuar ampliando o crédito. O BB tem espaço para isso, assegurou. Devido à geração e incorporação de resultados crescentes, o patrimônio líquido alcançou R$ 14,1 bilhões. O índice de Basiléia, que mede o volume de recursos próprios que a instituição tem de ter para suportar o risco da carteira de crédito, está muito acima do exigido pelo Banco Central (BC), o que significa que o banco pode alavancar mais R$ 50 bilhões em empréstimos.