Título: Acordo entre Brasil e Canadá não avança
Autor: Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2005, Economia, p. B7

Só uma decisão política poderá desbloquear as negociações e aproximar Brasil e Canadá, diante dos novos planos da "Bombardier" de desenvolver uma nova família de aviões de 100 a 135 passageiros, mas com maior autonomia de vôo do que os brasileiros da Embraer, cuja capacidade é de 70 a 110 passageiros. A reunião técnica de ontem na Embaixada do Brasil em Paris, entre representantes dos dois países, não permitiu nenhum avanço, mesmo porque a maior parte dos obstáculos já não dependem da área técnica, mas sim da política, segundo afirmou o representante brasileiro, ministro Roberto Azevedo, coordenador-geral de contenciosos do Itamarati.

Antes, o embaixador Clodoaldo Hugueney, subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamarati, já havia antecipado ao Estado que as negociações estão muito difíceis, diante da disposição do governo canadense de manter um forte apoio (subsídios) ao projeto da "Bombardier", cujos aviões estarão voando em dois anos.

Indagado sobre o total dos subsídios, Hugueney disse que os canadenses não revelam o montante, que seria muito elevado. Dessa forma, não há muita esperança de que na reunião política, em 10 de março, no Canadá, se possa também chegar a um acordo.

Hoje e amanhã, o ministro Roberto Azevedo participa, na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), de uma reunião sobre créditos de exportação para aviões. Essa será a primeira rodada de um entendimento setorial sobre aeronaves civis na área da OCDE.

É a primeira vez que um país em desenvolvimento, caso do Brasil, participa de um encontro sobre esse tema, até hoje exclusivo dos países industrializados. Esse entendimento envolve interesses de quatro grandes construtores (Boeing, Airbus, Bombardier e Embraer), além de bancos e companhias de leasing.