Título: TIM terá centro de tecnologia no Brasil
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2005, Economia, p. B17

Em um prédio desocupado da Pirelli, sua controladora, em Santo André (SP), a TIM Brasil prepara-se para construir um centro tecnológico que deve empregar, em três anos, 2,5 mil pessoas. A previsão de investimento, para o mesmo período, é de R$ 262 milhões. "Existe um lado meio emotivo no investimento", afirmou o presidente da empresa, Mario Cesar Pereira de Araujo. "A Pirelli está há quase 80 anos no Brasil, com produção naquela região." Mas é claro que a emoção é somente uma parte pequena da equação que levou a empresa a se decidir pelo investimento na região. Havia instalações do grupo disponíveis, desocupadas há alguns anos. Existia interesse da prefeitura da cidade em atrair a empresa, com incentivos no Imposto Sobre Serviços. Por último, a proximidade com São Paulo e com grandes universidades também pesou na definição.

"No que diz respeito ao acionista, não é somente uma demonstração de comprometimento com o Brasil, nosso segundo maior mercado mundial", afirmou o gerente-geral da Telecom Italia América Latina, Marco Patuano, que destacou o investimento de US$ 7 bilhões já feito pelo grupo no Brasil. "Quando é criado um centro de desenvolvimento tecnológico, muda o relacionamento com o País. Não é mais uma simples busca de mercado, mas uma aposta de que podemos crescer junto."

Ocupando uma área de 30 mil metros quadrados, o centro tecnológico da TIM em Santo André terá uma central de atendimento ao cliente, com cerca de 1,9 mil funcionários, um centro de processamento de dados, uma fábrica de software e um centro de gerência de redes. Trata-se do único centro deste porte que a empresa mantém fora da Itália. Hoje, a companhia emprega cerca de 7,2 mil pessoas. Daqui a três anos, quando o centro passará a funcionar a plena carga, deve concentrar algo como 30% dos funcionários da companhia no País.

A companhia possui centrais de atendimento em Recife, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. "A idéia é ficar um dia com somente três", afirmou Araujo. De acordo com o executivo, ainda não foram definidas quais operações seriam transferidas para Santo André.

De acordo com José Roberto Vicaria, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a projeção inicial é de que a TIM contrate 1,2 mil pessoas na região. "Para nós, é muito importante a geração de emprego." Ele contou que houve uma certa preocupação entre os funcionários da Pirelli Cabos, quando souberam dos planos da TIM, que vai ocupar um prédio da divisão que está vago há cerca de oito anos. "Mas, nos últimos dois meses, o número de empregos aumentou de 170 para 220."

De acordo com Vicaria, a maior expectativa dos funcionários da empresa é sobre um processo de venda, que estaria sendo negociado internacionalmente. "A última informação que tivemos é que havia cinco fundos de pensão interessados na Pirelli Cabos", informou o sindicalista. No começo do mês, a empresa anunciou uma joint venture com a Furukawa para a produção de fibras ópticas no País. A nova empresa assumiu a unidade da Pirelli em Sorocaba (SP).

Ainda sem os números oficiais para apresentar, o presidente da TIM Brasil garante que sua empresa passou a Claro em total de assinantes, para se tornar a segunda maior operadora móvel do País, depois da Vivo. "Em receita, já estamos em segundo lugar desde maio do ano passado", afirmou o executivo. "Agora, ultrapassamos em assinantes."

O gerente-geral da Telecom Italia destacou que, no ano passado, a empresa, principal acionista da TIM e controlada da Pirelli, investiu US$ 1,1 bilhão no País. "O que corresponde a 12% do investimento estrangeiro no Brasil", disse Patuano. "Com 100% de capital próprio." Para o centro tecnológico, a empresa apresentou um projeto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "A avaliação preliminar foi positiva."