Título: Preso no Pará fazendeiro que legalizava terras griladas
Autor: Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2005, Nacional, p. A5

Agentes da Polícia Federal de Santarém, no sudoeste do Pará, prenderam anteontem o fazendeiro Francisco Quincó Filho e seu empregado Admilson Ferreira, acusados de grilagem de terras, pistolagem, formação de quadrilha e de serem mandantes de vários crimes de morte na Gleba Pacoval. Trata-se de uma imensa área de 260 mil hectares pertencente à União e disputada por várias quadrilhas de madeireiros e fazendeiros. De acordo com a Polícia Federal, Quincó e Ferreira, que já respondem a processo na Justiça Federal de Santarém por grilagem de terras públicas, faziam parte de um esquema para "legalizar" perante o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) áreas de onde seria retirada madeira. Segundo denúncia feita por pequenos agricultores, a dupla fazia ameaças de morte e promovia a destruição de casas e agressões, exigindo com pistoleiros a saída de todos.

SOJA

Após serem submetidos a exame de corpo de delito e prestar depoimento na sede da Polícia Federal, Quincó e Ferreira foram transferidos para a Penitenciária de Cucurunã. Outro fazendeiro processado pela Justiça Federal por grilagem na Gleba Pacoval é o mato-grossense Clóvis Casagrande, preso no ano passado, que responde ao processo em liberdade.

Casagrande queria as terras para derrubar a floresta e plantar soja. Outros políticos e empresários de Santarém também foram arrolados no processo de Casagrande e Quincó, entre eles o ex-superintendente do Incra em Belém José Roberto Faro, demitido no ano passado.