Título: Investidores esperam a ata do Copom
Autor: Lucinda Pinto, Mario Rocha, Silvana Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2005, Economia, p. B11

O mercado de juros ficou indiferente ontem ao intenso noticiário do dia. O índice de preços ao consumidor e a ata do Federal Reserve (o banco central americano) não trouxeram surpresas negativas, como temia o mercado, mas as notícias não foram capazes de produzir qualquer alívio nas projeções de juros. As taxas encerraram a quarta-feira praticamente inalteradas em relação ao pregão anterior, confirmando que só mesmo a ata do Copom, a ser divulgada hoje, terá força para mexer com os rumos do mercado futuro de juros. O mercado está ansioso para ver a ata e preferiu manter uma boa dose de prêmios nos contratos, para não ser pego de surpresa. Mas, apesar disso, a expectativa é que o tom seja um pouco mais brando do que na edição anterior. Nada que aponte para o fim do ciclo de aumento de juros, mas, pelo menos, com menos ameaças. Afinal, a inflação corrente já havia mostrado desaceleração no dia da última reunião, diferentemente do que ocorrera na reunião anterior. Por causa disso, operadores não esperam que o comitê tenha considerado desta vez a hipótese de um ajuste mais forte do juro na reunião de fevereiro, de 0,75 ponto, como havia acontecido em janeiro.

O mercado havia se precavido contra um índice de preços ao consumidor mais salgado nos EUA e também uma ata do Fed mais conservadora. Nenhuma das duas possibilidades se confirmou. O CPI de janeiro subiu 0,1%, ante previsões de 0,2%. E o núcleo do CPI subiu 0,2%, exatamente como esperavam os analistas. A ata do Fed também não trouxe novidades.

Já o dólar e a bolsa reagiram aliviados ao noticiário americano. O investidor estrangeiro continua sustentando resultados positivos na Bovespa. Ontem, a bolsa fechou em alta de 1,71%, voltando a ultrapassar os 27 mil pontos. "O capital estrangeiro não pára de entrar. É o que está garantindo esse desempenho da bolsa. Só ontem (terça-feira), já entraram mais R$ 180 milhões", comentou um operador, não descartando, no entanto, uma realização de lucros para os próximos dias.

O dólar comercial reduziu a queda depois de um leilão de compra de dólar realizado pelo Banco Central à tarde. O BC teria comprado cerca de US$ 150 milhões em mercado, estimou um operador. Mesmo assim, o dólar fechou em baixa de 0,19%, a R$ 2,594. O risco Brasil caiu 2,2%, para 395 pontos.