Título: Para FMI, Brasil se consolidou
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2005, Economia & Negócios, p. B5

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, rasgou elogios ao Brasil na entrevista coletiva de final de ano que o principal dirigente do FMI concedeu ontem em Washington. Ao fazer um apanhado da economia global, ele disse que o País chegou a um ponto de consolidação econômica que dificilmente será alterado por fatores conjunturais, como a crise política. "Vemos um claro compromisso das autoridades com políticas eficientes nos campos fiscais e monetário", disse. "Temos visto a impressionante mudança de rumo ocorrida no Brasil em apenas 15 anos. Estamos convencidos de que isso prosseguirá no futuro. Desejo cumprimentar a sociedade brasileira pelas grandes mudanças que aconteceram nos últimos anos."

A propósito da iniciativa do presidente Lula de antecipar o pagamento de sua dívida ao Fundo, o economista espanhol comentou que "é algo que eu e a a instituição aplaudimos muito, e reflete uma posição externa muito firme do Brasil".

E lembrou um episódio: "Em 2002, durante a campanha eleitoral em que Lula surgia como favorito, o então diretor-geral do FMI, Horst Kohler, perguntou o que eu achava de um pacote de ajuda ao Brasil no valor de US$ 30 bilhões. Respondi: 'Mais tarde'. Eu entendi sua posição difícil para tomar uma decisão, e muitos acharam que seria um erro. Mas as reformas e a boa política macroeconômica foram muito, muito bem-sucedidas num período relativamente curto." Ontem, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, divulgou nota elogiando a decisão de Lula. "Ela confirma a acentuada melhoria do Brasil na sua posição externa e os benefícios da firmeza de sua política macroeconômica e de administração da dívida", disse Snow.

Rato também mencionou outros países emergentes, afirmando que a Turquia e a Argentina têm feito progressos econômicos. Disse ainda que o México é um exemplo da reformas macroeconômicas, embora o presidente Vicente Fox não tenha concluído a reforma fiscal. "Mas o país tem uma política monetária extremamente crível", afirmou

Quanto à Rússia, ele observou que o preço do petróleo continua alto e como importantes produtores, os russos deveriam usar os lucros com a exportação da commodity para consolidar seu crescimento econômico.

O diretor disse que a economia mundial está num momento positivo, e que o Fundo Monetário Internacional "vê uma recuperação praticamente em todas as partes, com maior força nos Estados Unidos, China e Europa".