Título: Emprego cresceu 6,3% em 2004
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

O número de empregos formais na economia brasileira cresceu 6,3% em 2004 com a criação de 1,863 milhão de postos de trabalho. Este foi o melhor resultado da série histórica, iniciada em 1985, da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que traduz um perfil do mercado de trabalho brasileiro a partir de informações dos empregadores (empresas privadas e públicas) enviadas, obrigatoriamente, ao Ministério do Trabalho. Os dados divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, indicam que no ano passado o poder de compra do trabalhador empregado (salário real médio) aumentou em 1,2%, passando de R$ 1.045,73 para R$ 1.058,63, enquanto a economia cresceu 4,94%. Nos dois primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram criados 2,724 milhões de empregos formais com carteira assinada. O ministro estima que o número de empregados com carteira assinada deverá se situar em cerca de 1,5 milhão de novos postos de trabalho. Para 2006, as estimativas preliminares consideram a possibilidade de se repetir o mesmo resultado do ano passado, ou seja, a criação de cerca de 1,8 milhão de empregos.

A Rais leva em consideração dados sobre empregos formais para trabalhadores celetistas e estatutários. É, portanto, uma pesquisa mais completa do que a do Cadastro Geral de Empregos (Caged), que o Ministério do Trabalho divulga todos os meses mas considera, apenas, as informações de empresas privadas. "Nos últimos meses, enfrentamos um debate esquizofrênico da oposição nos acusando de manipular os dados do emprego a partir do Caged. A Rais veio confirmar os números e mostrar que a geração de emprego foi ainda maior."

O ministro criticou a alta rotatividade no mercado de trabalho brasileiro, o que, segundo ele, indica que a legislação trabalhista brasileira é flexível, ao contrário do que afirmam os críticos. "O mercado, que é rígido, não tem a rotatividade de mão-de-obra que existe no País. No ano passado, enquanto tivemos 11,5 mil contrações contra quase 10 milhões de demissões."

Com o aumento dos postos de trabalho, subiu para 31,408 milhões o número de empregos informados pelos empregadores em 2004. Pela pesquisa os Estados que criaram uma quantidade maior de empregos foram São Paulo (525 mil) e Minas Gerais (194,7 mil). Mas, em termos relativos, perderam para o Amazonas (14,14%) e Mato Grosso (14,14%). Em São Paulo, a expansão foi de 6% e, em Minas, de 6,21%. O único Estado onde o emprego formal caiu foi Roraima (14,14%), com a perda de 4,4 mil empregos.

Os dados da Rais também mostram um declínio de 3,63% no número de empregos para trabalhadores com escolaridade até a 4ª série completa. Essa queda é mais expressiva para mulheres analfabetas: 8,88%. Para os trabalhadores com segundo grau completo, o número de novos postos de trabalho aumentou 13,7% - a maior expansão -, enquanto para quem tem nível superior completo subiu 5,37%. Nesse último grupo, as mulheres dominaram e ocuparam a maior parte das novas vagas: 194,87 mil, ante 38,90 mil para os homens.

Ao anunciar os dados da Rais, o ministro do Trabalho defendeu a reforma trabalhista e sindical, mas admitiu que não há condições de votá-las até o fim do governo Lula. "Eu vejo com muita dificuldade por falta de entendimento", afirmou.