Título: Produto será relevante no cenário energético global
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

O carvão mineral terá um papel relevante no crescimento mundial do consumo de energia nas próximas décadas. Os combustíveis fósseis representarão cerca de 90% do crescimento da demanda energética de 2005 a 2030, e o carvão está dentro dessa conta. É o que indica a Agência Internacional de Energia (AIE). Até 2010, mais 221 gigawatts (GW) de capacidade de geração funcionarão a carvão. O número se expande nas duas décadas seguintes: 500 GW entre 2011 e 2020 e 670 GW entre 2021 e 2030. Os conflitos em zonas de produção de petróleo, como o Oriente Médio, e o aumento gradativo do preço do gás natural - situação já observada no Brasil - recolocam o carvão como opção energética. Ambientalmente questionado, o setor acha que o desenvolvimento tecnológico aplicado ao uso do carvão é capaz de torná-lo menos nocivo do que foi. Uma das idéias, que no Brasil já começou a ser olhada, é associar o consumo de combustíveis fósseis com projetos de seqüestro de carbono.

De acordo com Fernando Zancan, secretário executivo do sindicato das carboníferas do Sul de Santa Catarina, já ocorreram conversas entre o setor e a Petrobrás para o desenvolvimento de estudos capazes de associar o uso de fósseis com o seqüestro de carbono. "É o que o mundo começa a estudar", diz.

Outra opção igualmente considerada é a produção de hidrogênio pela rota carbonífera - segundo avaliações, a forma mais barata de se obter o que o mundo considera a energia do futuro.

No Brasil, o estágio é bem mais modesto. O País ainda discute como resolver os problemas ambientais que afetam a região do carvão. O desmonte do setor no início da década de 90 ainda reverbera. Reduziu a uma fração a base industrial, que agora começa a se recuperar, e principalmente abortou todo plano tecnológico que indicaria rumos mais sustentáveis no uso do carvão. É uma das provas da descontinuidade do planejamento do Brasil.