Título: Vannuchi é o secretário de Direitos Humanos
Autor: Leonêncio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2005, Nacional, p. A8

Cientista político e amigo de Lula, ele só assumirá dia 21, mas já participará da reunião ministerial segunda-feira

Amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cientista político Paulo Vannuchi foi anunciado ontem como o novo ministro da Secretaria de Direitos Humanos. Embora só deva tomar posse na quarta-feira, no dia 21, no Palácio do Planalto, ele já deve participar na segunda-feira da reunião ministerial - a última do ano - convocada por Lula para a residência oficial na Granja do Torto. O novo secretário vinha dirigindo, até agora, o Instituto Cidadania, organização não-governamental criada em 1990 pelo próprio Lula. Vannuchi vai assumir no lugar do médico cearense Mário Mamede, que era secretário-geral durante a gestão do ministro Nilmário Miranda e ficou provisoriamente em seu lugar desde sua saída do cargo, em julho passado.

Coincidência ou não, a Secretaria de Direitos Humanos voltou a ter status de ministério justamente às vésperas dessa indicação e no momento em que começava, em Belém do Pará, o julgamento dos assassinos da freira Dorothy Stang. Quando Nilmário deixou o posto, a secretaria perdeu status e foi vinculada à Secretaria-Geral da Presidência, que está sob o comando de Luiz Dulci.

Vannuchi herda, nesse posto, um pacote de problemas antigos, como a questão da abertura dos arquivos oficiais sobre desaparecidos políticos, e outros novos - como o crescente desagrado de muitas entidades civis com as políticas do governo e com o desinteresse governamental pela participação dos movimentos sociais nos debates e nas definições de políticas em áreas como meio ambiente, mulheres, índios e moradias para os grupos de sem-teto em grandes capitais. Na avaliação desses movimentos, o Executivo não formulou até agora, nem mostra interesse nisso, políticas e estratégias para esses setores, onde buscou grande parte de seu apoio na campanha presidencial de 2002.

Um exemplos foi a manifestação ontem, em Brasília, de um grupo de carroceiros e outras pessoas ligadas à Chamada Global Contra a Pobreza. Criado durante o 5º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o grupo pede mais políticas do governo contra a pobreza. O protesto coincidiu, propositadamente, com a abertura em Hong Kong, da reunião da Organização Mundial do Comércio