Título: Amigo de Lula deve ter sigilo quebrado hoje
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2005, Nacional, p. A6

Senador tucano pediu medida à CPI, argumentando que o depoimento de Okamotto não convenceu e deixou muitas questões sem resposta

A CPI dos Bingos deve aprovar hoje a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e ex-tesoureiro do PT, Paulo Okamotto, e de sua mulher, Dalva. O requerimento foi apresentado pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que também pede à comissão que solicite ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o relatório de operações feitas por Okamotto em valores elevados. Antero alega que o ex-tesoureiro do PT deixou inúmeras questões sem respostas no depoimento que prestou à CPI no mês passado. Na ocasião, ele tentou explicar como teria quitado, com dinheiro do próprio bolso, a dívida de R$ 29.436,26 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha com o PT. Mas a sua versão, de que fez isso para evitar constrangimento a Lula, não convenceu os senadores.

Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, o PT faz referência a esse valor como um empréstimo a Lula. A oposição, de acordo com o líder do PFL, senado José Agripino (RN), suspeita que o dinheiro do pagamento tenha saído do caixa 2 do PT.

EMPRESÁRIO

Com a abstenção dos senadores petistas Ideli Salvatti (SC) e Tião Viana (AC), a comissão aprovou ontem, por iniciativa do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a abertura das contas, das ligações telefônicas e da documentação fiscal do empresário Roberto Carlos Kurzweil. Ele é o dono da locadora que emprestou o carro supostamente utilizado para transportar de Campinas para São Paulo os US$ 3 milhões que teriam sido enviados de Cuba para a campanha presidencial do PT em 2002. O empresário também também é apontado como sócio dos "bingueiros" que teriam oferecido R$ 1 milhão ao então coordenador da campanha, o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em troca da doação eles teriam pedido a legalização do jogo de bingo no País.

Por meio de outro requerimento, assinado pelo relator Garibaldi Alves (PMDB-RN), a comissão parlamentar também decidiu quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico da empresa Telecom Net & Consultoria. Ela é suspeita de participar do esquema de renovação do contrato das loterias da Caixa Econômica Federal (CEF) com a multinacional Gtech.