Título: Para advogada, cadeia não é para `contenção social¿
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/12/2005, Metrópole, p. C1

¿Estão usando a cadeia como instrumento de contenção social¿, diz a advogada Sonia Regina Arrojo e Drigo. Ela pretende recorrer da condenação de Maria pelo furto do tender bolinha e entrar com habeas-corpus para que ela responda em liberdade aos dois processos. Enquanto isso, Maria sonha. Sonha em ¿ajudar quem precisa¿ e passar a próxima ceia de Natal ao lado das duas netas. Em liberdade. Quando nasceu, Maria perdeu o pai. Aos 12 anos deixou sua terra natal, Barra do Mendes (BA), para vir trabalhar em casa de família em São Paulo. Era alfabetizada, mas sabia pouco mais do que ler e escrever. Nas prisões, fez até a 4.ª série do antigo primeiro grau. Foi lá que aprendeu a contar. Ela mostra nos dedos da mão que teve sete filhos, mas só três estão vivos. O mais velho é frentista e a mais nova, empregada doméstica. O do meio tem 28 anos e, como a mãe, está preso.

Maria diz que os dois homens, pais de seus filhos, sumiram no mundo. Por fim, relata sua última perda: o companheiro morreu há quatro meses em uma cadeia.