Título: Lula promete 'crescimento vigoroso' no último ano de seu mandato
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Depois de o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ter anunciado na sexta-feira que o Brasil vai crescer 5% em 2006, ontem foi a vez de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar em crescimento. Na última edição do ano do Café com o Presidente, seu programa semanal de rádio, ele foi enfático: ¿Eu não prometo, eu garanto ao povo brasileiro que nós vamos ter um Brasil se desenvolvendo muito mais em 2006, com um crescimento mais vigoroso e mais sólido.¿ Lula disse que os juros vão continuar a cair. ¿Nós fizemos o que tínhamos que fazer em 2003, 2004 e 2005, ou seja, fizemos alguns sacrifícios para que a gente pudesse controlar a inflação¿, afirmou. ¿Agora começou uma redução da política de juro que eu acho consistente, inclusive com a boa novidade do Conselho Monetário Nacional de redução da taxa de juros de longo prazo do BNDES. E isso vai significar mais investimentos em 2006. Mais investimento vai significar mais indústria, mais emprego, mais salário, mais compra no comércio, mais pedidos nas empresas.¿

ELEIÇÕES

Lula voltou ontem a Brasília, depois de ter passado as festas natalinas com a família em seu apartamento de São Bernardo do Campo (SP). No programa, gravado no domingo, o presidente lembrou que haverá eleições em 2006. ¿Obviamente que temos a disputa política e ela sempre traz muito debate, sempre traz muita discussão¿, disse. ¿Mas eu acho que o papel do presidente da República não é fazer com que a disputa política tome conta do dia-a-dia administrativo do País, tome conta do desenvolvimento do País.¿

Ao ser questionado pelo entrevistador Luiz Fara Monteiro se as eleições de 2006 não iam atrapalhar os planos de desenvolvimento do governo, o presidente afirmou que ¿não pode atrapalhar, não deve atrapalhar¿. ¿Temos a nosso favor os números do IBGE, temos a nosso favor os números da economia, os três anos de experiência, de tranqüilidade, mostrando ao povo brasileiro que o governo não se abala, por mais grave que seja a situação¿, argumentou. ¿Afinal de contas, é assim que deve proceder um governo e vamos trabalhar para consolidar o que fizemos até agora, porque tudo está feito para a economia brasileira crescer.¿

Logo na abertura do programa, Lula comemorou o fato de ter realizado em seu governo ¿muitas coisas que tinha vontade de fazer¿. Em seguida, relatou os compromissos que manteve nos últimos dias e, ao citar a entrega do cartão número 8,7 milhões do programa Bolsa Família, afirmou: ¿Foi uma marca importante porque cumprimos aquilo que prometemos ao povo brasileiro em 2003.¿ O presidente se vangloriou ainda de o Brasil ser , ¿agora, um país que tem credibilidade internacional¿. ¿O País está com suas contas arrumadas.¿ Lula falou sobre a decisão do governo de antecipar o pagamento ao Fundo Monetário Internacional. ¿Isso demonstra claramente que temos robustez suficiente para garantir as nossas importações, ou seja, estamos ficando mais independentes, estamos ficando mais senhor do nosso nariz, estamos tomando as decisões sem ingerência do fundo ou de qualquer outro organismo multilateral.¿ Lula disse que passará a semana em Brasília, ¿trabalhando para que o Brasil continue sempre caminhando para a frente¿.