Título: Milho transgênico pára no Sul
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

PORTO ALEGRE - Um carregamento de 750 toneladas de milho proveniente do Paraguai está retido há algumas semanas em Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, porque foi detectada, através de testes, a presença de transgênicos no produto. O Ministério da Agricultura impediu a distribuição do produto, que seria destinado a uma indústria avícola. O importador recorreu à Justiça para tentar liberar o milho, mas teve o pedido negado, informou o superintendente substituto do Ministério no Estado, José Severo.

O carregamento, que chegou de trem à cidade gaúcha, tem que ser devolvido à origem ou incinerado, explicou Severo, pois não há autorização para seu uso no País. Ele lembrou que outra carga de milho foi devolvida pelo mesmo motivo.

No fim de novembro, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) informou que analisava cinco pedidos de liberação comercial de milho transgênico e já havia recebido pareceres de especialistas consultados. Dois pedidos foram feitos pela Syngenta, um pela Bayer e dois pela Monsanto.

As informações da CTNBio foram divulgadas durante reunião da Comissão de Agricultura da Assembléia gaúcha, realizada para analisar denúncia feita pelo deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT) de venda ilegal de sementes transgênicas de milho no Estado. ¿Quem está usando semente transgênica não sabe o prejuízo que pode causar à lavoura¿, avaliou Severo, numa referência ao fato de que no milho pode ocorrer a polinização cruzada, ou seja, uma lavoura geneticamente modificada contaminar outra convencional que esteja próxima.

O deputado disse ter recebido uma informação anônima e pediu que um agricultor comprasse milho em uma agropecuária de Barão do Cotegipe, no norte do Estado. Ele encaminhou amostras do produto ao laboratório Alac, de Garibaldi (RS), que identificou 27% de presença de transgênicos.