Título: Para 2006, crescimento deve ficar abaixo de 25%
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

BRASÍLIA - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, vai interromper as férias no dia 2 de janeiro para anunciar, em São Paulo, as metas de exportação e saldo comercial em 2006. A Secretaria de Comércio Exterior consultou os setores exportadores para fechar os números. O governo aposta na expansão das vendas externas mas espera queda no ritmo de crescimento. O ministro já afirmou que o aumento das exportações deve ser menor que a média dos últimos três anos, de 25%. No entanto, a meta de dobrar as exportações nos quatro anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva foi praticamente atingida este ano, o que fez Furlan anunciar que a projeção de US$ 120 bilhões para 2006 será revista. No final de 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, as exportações somaram US$ 60,4 bilhões. Este ano, a meta de U$ 117 bilhões deverá ser superada.

Para o Ministério do Desenvolvimento, o ideal para 2006 é uma expansão mais forte das importações do que das exportações, o que sinalizaria retomada dos investimentos puxado pelo aumento do consumo interno. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima crescimento de 18% das importações em 2006, totalizando US$ 86,5 bilhões.

Na avaliação da CNI, além da economia interna mais aquecida, o preço do petróleo no primeiro semestre do próximo ano permanecerá maior que o registrado no mesmo período deste ano, resultando num crescimento em valores das importações. Já as exportações, segundo a CNI, devem ter ampliação de 10%, na casa dos US$ 130 bilhões em 2006, o que resultaria num superávit comercial de US$ 43,5 bilhões.

Quatro fatores devem ser decisivos para frear o ritmo de crescimento das exportações, segundo avaliação do ministro Furlan: a valorização do real, a indicação de queda na próxima safra agrícola, a redução dos preços internacionais de algumas commodities e o alto custo de logística no Brasil. Mas a meta do próximo ano deve ser ¿factível e desafiadora.¿ O saldo comercial em 2006 deve continuar elevado, ¿superando os US$ 30 bilhões.¿

Furlan diz que nos três anos de governo Lula, o saldo comercial é de mais de US$ 100 bilhões. Para ele, o superávit deste ano, superior a US$ 44 bilhões, é elevado e acima das necessidades do País para financiar os compromissos externos.