Título: Comércio registra o Natal mais fraco desde 2002
Autor: Vera Dantas e Marina Faleiros
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

O comércio teve um movimento de vendas no Natal superior ao ano passado, mas um ritmo menor de crescimento. Os números da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que o movimento des vendas à vista e a prazo, entre os dias 1º e 24 de dezembro, cresceu em média 4,1% em relação ao mesmo período em 2004. É o resultado mais fraco desde 2002, quando as vendas ficaram estáveis. No Natal de 2004 comparado com o de 2003, o crescimento médio foi de 6,4%. O ano começou bem para o varejo na avaliação da ACSP, mas houve uma forte desaceleração no fim do ano. As vendas a crédito, que cresciam 6,3% no primeiro semestre, caíram para uma média de 3,9% no segundo.

O crediário deverá fechar com o pior resultado do ano. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) em dezembro devem crescer em torno de 2% em relação a dezembro de 2004.

Neste Natal as compras de presentes pagos à vista ou com cheque pré-datado superaram o crediário. No período de 1º a 24 deste mês as consultas ao SCPC aumentaram apenas 1,7%, enquanto as consultas ao Usecheque, indicador da venda à vista, subiram 6,5% em relação a dezembro de 2004.

¿Nos últimos três meses a curva de crescimento do crediário ficou abaixo da venda à vista. Revela uma migração do consumidor dos bens de maior valor para os produtos mais baratos¿, diz o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos. ¿Foi um Natal morno.¿

O resultado de vendas dos shoppings ficou dentro do previsto, com crescimento real, descontada a inflação, de 1,5% a 2% na comparação com o mesmo período de 2004, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). No ano, os shopping centers faturaram R$ 55,3 bilhões, 7% a mais que em 2004.

O comércio, na avaliação de Afif Domingos, vai fechar 2005 com um crescimento de 5% no crediário e de 3,5% nas vendas à vista. Para 2006 a estimativa é que as vendas aumentem entre 4% e 4,5% , um pouco acima do Produto Interno Produto (PIB), com crescimento estimado entre 3% e 3,5%. ¿A flexibilização dos juros e a gastança pública, porque será ano eleitoral, somadas a um cenário externo favorável, devem ajudar no movimento do comércio,¿ diz.

A inadimplência subiu um pouco este ano e ficou próxima à de 2003. ¿É um sinal de alerta, mas está longe de representar uma grande ameaça¿ , diz o diretor do Departamento de Economia da ACSP, Marcel Solimeo. A inadimplência líquida, em 2005 ,ficou em 5,1. Isso significa que a cada 100 vendas efetuadas, 5,1 foram perdidas efetivamente por calote. No ano passado a taxa de inadimplência líquida era de 4,2.