Título: Petrobrás deve reajustar gás boliviano em 14%
Autor: Teresa Navarro
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

A Petrobrás informou às distribuidoras de gás (por meio de correspondência) que estuda um aumento de 14,02% no preço do gás boliviano em janeiro, informou ao Estado Zevi Kann, comissário-chefe da Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), a agência reguladora de gás do Estado de São Paulo. Segundo Kann, a estatal informou que o porcentual ainda não é definitivo. ¿Ele ainda está em estudo pela Petrobrás.¿ Com o novo reajuste no preço do gás natural previsto para janeiro, em torno de 14%, as indústrias paulistas devem pagar entre 11% e 15% a mais, e o consumidor residencial entre 4% e 7%, a partir de fevereiro.

Os cálculos são da CSPE. Outros dois aumentos praticados pela Petrobrás em setembro e novembro deste ano, acumulando 24,3%, não foram repassados ao consumidor de São Paulo porque, diferentemente de outros Estados, a agência paulista adota uma política de acumular perdas e ganhos das concessionárias, permitindo, em geral, que o repasse seja feito apenas uma vez ao ano. As duas maiores distribuidoras de São Paulo, Comgás e Gás Natural São Paulo Sul, só poderiam reajustar a tarifa de gás em 31 de maio, mas a CSPE deve antecipar uma parte desse reajuste para fevereiro em razão dos aumentos praticados pela Petrobrás. ¿Em fevereiro, vamos acumular três reajustes sem repasse para o consumidor, e isso pode comprometer o equilíbrio das empresas¿, disse o comissário-chefe da CSPE.

Para o consumidor industrial de médio porte, aquele que consome até 100 mil m³ por mês, o reajuste será de 11%. Já para a indústria com grande consumo, acima de 1 milhão de m³ por mês, os preços subirão 15%. No caso do consumidor residencial, a alta será entre 4% e 7%.

As diferenças se dão pelos níveis de consumo e composição de custo. Neste ano, já foram aplicados dois reajustes no gás boliviano, o primeiro foi em setembro, de 13%, e o segundo, em novembro, de mais 10%.

MUDANÇAS

Ao mesmo tempo, segundo Kann, a Petrobrás está propondo uma metodologia para pagamento das faturas que reduz o impacto da oscilação do câmbio. Como o preço do gás boliviano é em dólar, a conversão em moeda nacional é feita pela cotação do câmbio no dia de vencimento da fatura. ¿O dólar pode subir por uma especulação exatamente no dia da fatura, o que traz muita instabilidade para as empresas. ¿ A proposta da Petrobrás é fixar um câmbio por três meses. No final do período seria feita uma média ponderada entre as três cotações ocorridas nas três datas de vencimento da fatura. O mês com mais consumo teria peso maior.