Título: Kirchner impõe taxa de até 84% a louças sanitárias
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

BUENOS AIRES - O novo motivo da guerra comercial entre o Brasil e a Argentina são as louças sanitárias, brasileiras e uruguaias. O presidente Néstor Kirchner, a pedido dos empresários argentinos, anunciou medidas para reduzir drasticamente a entrada desses produtos na Argentina, nos próximos três anos. O argumento dos industriais e do governo Kirchner é que a Argentina está sendo assolada por uma invasão de louça sanitária estrangeira, que entraria no país vizinho com preços de dumping. Segundo o Ministério da Economia, esses produtos ¿causam um dano significativo à indústria nacional do produto similar¿.

Para reduzir o fluxo de louça sanitária, o governo Kirchner anunciou a aplicação de pesadas tarifas alfandegárias, que oscilam entre 20% a 147,4%.

A maioria das fábricas brasileiras que exportam para o mercado argentino sofrerá aplicação de uma tarifa de 147,4%, a mais elevada deste pacote antidumping. Os vasos terão taxa extra de 53,2%, enquanto as pias serão taxadas com uma tarifa de 50,89%. No caso específico da empresa Duratex, as taxas serão de 65,17% para os bidês; de 73,57% para vasos sanitários e de 84,37% para pias.

URUGUAI

No caso das empresas uruguaias, os bidês passam a ter tarifas de 76,25%. Os vasos sanitários sofrerão a taxa de 73,57%; e as pias, de 84,37%.

Os empresários uruguaios solicitaram ao presidente Tabaré Vázquez que interceda junto ao governo Kirchner para recuar na medida da elevação das tarifas alfandegárias.

Empresas como a Metzen y Sena estão preocupadas, já que destinam metade da produção ao mercado argentino. Os uruguaios alegam que a investigação de dumping feita pelo governo argentino está baseada em dados errôneos, já que leva em conta apenas os preços do mercado durante os anos 2002 e 2003, quando o peso argentino havia passado por uma desvalorização recorde.

As louças sanitárias são mais um dado para piorar o clima entre os governos argentino e uruguaio, azedados pela decisão uruguaia de construir duas fábricas de celulose sobre o Rio Uruguai, na fronteira entre os dois países. Kirchner afirma que as fábricas vão poluir as margens argentinas, o que prejudicaria a pesca e a agricultura; Vázquez argumenta que as empresas investirão US$ 1,8 bilhão e criarão milhares de empregos.