Título: Bomba fere 16 na 25 de Março
Autor: Mariana Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2005, Metrópole, p. C1

Dezesseis pessoas ficaram feridas ontem na explosão de uma bomba, colocada dentro de uma lixeira na esquina das Ruas 25 de Março e Carlos de Souza Nazaré, nas proximidades do Shopping 25 de Março, na região central de São Paulo. O artefato ainda foi colocado a cerca de 10 metros de um posto da Guarda Civil Municipal (GCM). Tiveram ferimentos graves Monalisa Fagundes do Nascimento, de 21 anos, e Luan Richard Coutinho dos Santos, de 2. A polícia ainda não tem pistas de quem praticou o atentado e encontrou com o material usado para a confecção da bomba uma fita VHS. Seu conteúdo ainda será analisado. Segundo policiais, a bomba explodiu às 16 horas. Tratava-se de um artefato de fabricação caseira, feito dentro de um extintor de incêndio usado em veículos. Além do material explosivo, havia vários pregos. Muita gente circulava pela 25 de Março no horário. A rua costuma receber 1,5 milhão de pessoas por dia. A bomba destruiu a lixeira, um semáforo próximo e quebrou o vidro da janela do primeiro andar de um prédio na esquina da Rua 25 de Março.

¿Muito mais gente podia ter se machucado¿, disse a ambulante Juliana Cristina Aguiar Ramos, de 16 anos. ¿O rapa (fiscalização) estava passando na hora que explodiu e muitos camelôs tinham saído correndo.¿ Cristina disse ter escutado um barulho ensurdecedor. ¿Parecia que o mundo ia acabar. As pessoas ficaram sangrando no meio da rua e ninguém aparecia para socorrê-las.¿ Segundo testemunhas, Monalisa foi arremessada contra um poste e teve o rosto dilacerado. Luan ficou ferido por estilhaços nas costas. Vendo o filho machucado, a ambulante Mônica Coutinho dos Santos, de 19 anos, grávida de 9 meses, desmaiou e também foi socorrida. As 16 pessoas feridas foram encaminhadas para o Hospital do Servidor Público Municipal, o Hospital das Clínicas, o Pronto Socorro da Glória e a Santa Casa de Misericórdia. No Servidor, Monalisa foi operada.

Homens do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate) isolaram a área e vistoriaram as lixeiras próximas de onde houve a explosão. ¿Vamos juntar forças para ver se conseguimos descobrir alguma coisa. Por enquanto, qualquer conclusão será precipitada¿, explicou o coronel Laurindo Conceição, do Gate, que classificou o trabalho de ¿amador¿. Para o capitão da PM Walmir Martini, responsável pelo Comando de Policiamento do Centro, foi um ato de ¿pura maldade¿.

¿Quem fez queria machucar. Havia muitos pregos com o material explosivo.¿

O caso será investigado por policiais do 1º DP (Liberdade). Eles também analisarão a fita VHS encontrada com os fragmentos da bomba. O delegado Luiz Fernando Vallim preferiu não comentar as hipóteses que foram levantadas no fim da tarde para o caso. Agentes da GCM cogitavam a possibilidade de um atentado à corporação, uma vez que a explosão ocorreu a poucos metros de seu posto na região central. Também a poucos metros dali fica o Shopping 25 de Março, pertencente à família de Law Kin Chong, apontado como o maior contrabandista do País e alvo nesta semana de uma operação da Polícia Federal. Vallim pretende ouvir as 16 vítimas antes de falar sobre o caso. ¿A princípio, nenhuma hipótese pode ser descartada.¿