Título: Petrobrás vai distribuir álcool no Japão
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2005, Economia & Negócios, p. B7

Estatal e a Nippon Alcohol Banhai abrem a Brazil-Japan Ethanol

A Petrobrás e a estatal japonesa Nippon Alcohol Banhai abriram uma empresa para distribuir álcool no Japão. A Brazil-Japan Ethanol, com 50% de participação de cada companhia, terá a missão de identificar mercados para o combustível brasileiro no mercado japonês. A expectativa é que em 18 meses seja feito o primeiro embarque, de 20 milhões de litros. O diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, ressaltou, porém, que as exportações só serão feitas caso sejam construídas novas usinas no País, para evitar maiores pressões sobre os preços internos. "A prioridade é o abastecimento interno. Então, vamos precisar de mais áreas plantadas e novas usinas para atender o Japão."

O mercado brasileiro está pressionado pelo aumento da demanda e o álcool já ultrapassou o R$ 1 estipulados como teto em reunião entre o governo e usineiros em 2003. Com mais exportações, admitiu, a tendência é que o preço suba ainda mais, caso não haja investimentos em aumento da oferta.

A legislação japonesa prevê a adição de até 3% de álcool na gasolina local, o que garante um mercado anual de 1,8 bilhão de litros para o combustível brasileiro. "A meta do governo japonês é chegar aos 10% de adição, o que significam 6 bilhões de litros por ano."

Hoje, porém, não há uso do álcool como combustível no país. A Nippon Alcohol Banhai importa o produto só para uso industrial, para fabricação de bebidas e perfumes, entre outros. A Petrobrás vai mandar três funcionários para compor os quadros da Brazil-Japan Ethanol, que tem de concluir os estudos de mercado até 2008.

"Estamos satisfeitos de a Petrobrás ter se comprometido a fornecer etanol para o Japão", disse o presidente da estatal japonesa, Jiro Amagai. Segundo ele, o contrato é fruto de negociações iniciadas na visita ao Brasil do primeiro-ministro Junichiro Koizumi, em 2004. "Este ano o presidente Lula esteve no Japão e, mais uma vez, discutimos o assunto", contou Amagai.

Os japoneses fizeram questão da presença da Petrobrás na operação, como garantia de que os contratos futuros serão cumpridos. Costa adiantou que a venda de álcool para o Japão será feita por contratos de longo prazo com usineiros, evitando o risco de desabastecimento.