Título: Dona da Daslu nega ter importado produtos
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2005, Economia & Negócios, p. B5

Eliana diz que 70% do que vende é confecção própria

A empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu, a loja mais luxuosa do Brasil, se eximiu de qualquer responsabilidade nas irregularidades identificadas nas importações da empresa. Em depoimento à juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, Eliana declarou que não participa da administração da loja e toda a área administrativa e financeira é de responsabilidade de seu irmão e sócio, Antonio Carlos Piva de Albuquerque. "Cuido do glamour e do marketing", disse ela. No depoimento, Eliana disse também que não se recorda de ter feito nenhuma importação direta de produtos de grifes estrangeiras. Segundo ela, a Daslu só compra seus produtos depois de nacionalizados por importadoras. Mesmo assim, os importados não são tão significativos no negócio da empresa. Segundo ela, 70% do faturamento da Daslu é obtido com a venda de peças de confecção própria, com a marca da loja.

O depoimento de Eliana durou cerca de três horas. Ao fim, a juíza determinou que um oficial de justiça apreendesse os livros fiscais da loja dos últimos cinco anos. São 30 volumes de documentos, dos quais teriam sido encontrados apenas 10%. Por volta das 20 horas de ontem, com o compromisso de entregar hoje pela manhã os documentos que faltam, Eliana foi liberada. Caso isso não ocorra, a Justiça Federal pode decretar novas prisões.

Em julho, Eliana passou 11 horas detida na Polícia Federal. Seu irmão Antonio Carlos ficou cinco dias preso. Antonio Carlos também foi ouvido ontem pela juíza. De acordo com o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que representa os dois irmãos, o ponto mais importante dos depoimentos diz respeito à utilização de importadores.

"Não sei se existem de fato irregularidades. A Daslu só comprava as mercadorias depois que entravam no País." No entanto, o advogado reconheceu que Eliana participava de desfiles, cotações de preços e contatos com as grifes no exterior. "Ela explicou que muita coisa chegava ao Brasil com preços mais baixos porque eram compradas fora de estação, em saldos e liquidações."

"O depoimento de Eliana teve o intuito evidente de lançar a culpa no irmão e no importador e liberá-la de qualquer responsabilidade. Mas temos provas bem sólidas que ela também era responsável", disse o procurador de justiça Matheus Baraldi Magnani, que fez a denúncia contra Eliana, o irmão e outros cinco representantes de importadoras na semana passada.

A juíza da 2ª vara Federal de Guarulhos já marcou os depoimentos dos outros réus no caso. André de Moura Beukers, Celso de Lima, Christian Polo, Roberto Fakhouri e Rodrigo Nardy Figueiredo irão depor a partir do dia 13 de janeiro.