Título: ONGs vão à ONU relatar violações
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2005, Nacional, p. A10

Relatório levado a Hina Jilani critica governos Lula, Alckmin e Jatene

Relatório de 140 páginas foi entregue ontem por organizações não-governamentais à representante da ONU Hina Jilani com dados de 51 casos de violação de direitos humanos ocorridos no País entre 2002 e 2005. Elaborado pela Justiça Global e Terra de Direitos, o texto Na Linha de Frente diz que o governo Lula não protege nem petistas ameaçados pelo crime organizado e que 21 pessoas ainda estavam vivas quando autoridades foram comunicadas do risco que sofriam. O documento também critica os governadores tucanos Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Simão Jatene, do Pará. As ONGs consideram o governo "omisso e frustrante" como o de FHC. Em levantamento de 1997 a 2001, apontaram 57 casos de violação. "Esperava-se que um governo do PT desse tratamento sério e conseqüente às acumuladas demandas pela garantia, promoção e defesa dos direitos humanos. Em quase 3 anos do governo Lula, os movimentos se sentem frustrados e inconformados com as promessas não cumpridas." O texto relata que petistas como o deputado estadual Frei Anastácio, da Paraíba, continuam sofrendo ameaças de morte e os acusados estão livres. cita ainda o assassinato, em agosto, do vereador do PT Neri Eno Beir, presidente da Câmara de São Nicolau (RS), e as ameaças de morte aos frades Xavier Plassat e Silvano Rezende e de Lúcio de Avelar e Jorge Vieira, da Pastoral da Terra do Pará.

Hina, representante da ONU para investigar denúncias de ameaças contra defensores dos direitos humanos, foi ontem ao Ministério da Justiça, onde recebeu o relatório das ONGs, à Funai e ao Supremo Tribunal Federal. O assassinato da missionária americana Dorothy Stang em fevereiro, em Anapu (PA), consta do relatório. O texto lembra que meses antes de sua morte entidades de direitos humanos enviaram cartas a Jatene, ao Ministério Público e ao governo federal alertando para as ameaças. Alckmin é criticado por sua política com relação à Febem - as ONGs denunciam espancamentos de menores.