Título: Para Alckmin e Serra, ano foi de perda de oportunidades
Autor: Clarissa Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2005, Nacional, p. A6

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito José Serra, voltaram ontem a atacar o governo Lula. Cotados para disputar a eleição presidencial pelo PSDB, eles criticaram a falta de planejamento do governo, a política de juros e o não cumprimento de promessas de campanha do presidente Lula, em vistoria do sistema de bombas de drenagem na Marginal do Rio Tietê. Alckmin disse que este ano foi de perda de oportunidades, enquanto Serra insistiu que foi o ano da decepção. "O terceiro ano do governo federal cristaliza o sentimento de decepção quando se compara o que foi proposto fazer no Brasil e o que efetivamente se fez", afirmou Serra. "Hoje temos um governo federal sem rumo para o Brasil, vivendo atrás dos acontecimentos. Esta é a síntese."

Na sua opinião, o Banco Central "exagerou na dose" ao deixar que a taxa de juros atingisse os níveis atuais. "O resultado foi a queda da economia além de todas as expectativas. Além disso, se sobrevalorizou o real exageradamente, levando ao desemprego em muitas regiões."

Alckmin também criticou os juros. "Tudo indica que a inflação está absolutamente sob controle, há espaço para forte queda dos juros." Para ele, o governo não aprovou as reformas estruturais que ajudariam o País a continuar crescendo e foi incapaz de aproveitar o crescimento da economia mundial. "Foi um ano excepcional do ponto de vista econômico, com forte crescimento mundial. O exemplo que a gente pode dar é o mundo voando e o Brasil agarrado ali no fundinho, sendo arrastado."

Apesar dos ataques, ele afirmou que a campanha não pode ser guiada pelo embate entre PSDB e PT. "Política não é gangorra, onde quando um vai mal o outro vai bem", disse. "Temos de ter humildade e enxergar que as coisas não são assim."

Serra não quis falar de eleição, mas Alckmin, em discurso de candidato, disse estar "preparado e animado" para atender à expectativa da população. "O que o povo quer saber é como vamos resolver o problema dessas duas bolas de ferro amarradas na economia, que são a taxa de juros lá na estratosfera e a carga tributária."