Título: Serraglio corre para liberar suas emendas
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2005, Nacional, p. A7

Obcecado em conseguir o indiciamento de parlamentares e ex-parlamentares da base aliada do governo citados nas denúncias do esquema do "mensalão", o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), deixou de lado na tarde de ontem o trabalho na comissão para "correr atrás do prejuízo" e pressionar o Executivo a liberar verbas para sua região eleitoral. Serraglio foi ao Palácio do Planalto pedir pessoalmente a assessores e técnicos da Presidência a liberação de emendas que apresentou ao orçamento da União deste ano. "Se o governo disse que as emendas de todos vão ser liberadas então também quero a liberação das minhas", disse. Cada deputado e senador tem uma cota definida de R$ 3,5 milhões no orçamento para alocação de verbas em projetos e obras em seus currais eleitorais. Geralmente, o parlamentar inclui nas chamadas emendas individuais repasse de recursos para obras de saneamento básico, construção de postos de saúde e quadras esportivas, asfaltamento de rodovias, reformas de hospitais e ajudas a entidades filantrópicas.

A repercussão nacional do trabalho de um parlamentar pode não valer de nada se o deputado ou o senador não forem bem avaliados por seus eleitores. Pensando nisso, todos os anos, os parlamentares travam uma batalha para arrancar do governo o empenho de pagamento das emendas. O governo, por sua vez, costuma usar a liberação de recursos para garantir aprovação de projetos e apoio de bancadas no Congresso.

A uma pergunta se estava sofrendo represálias do governo por sua atuação na CPI dos Correios, que investiga petistas e outros aliados, Osmar Serraglio saiu pela tangente. "Estive em alguns ministérios e eles disseram que as emendas não foram liberadas porque faltavam assinaturas", disse. Ele ressaltou, ainda, que não fez um levantamento do porcentual das emendas que está bloqueado. "Vamos resolver isso", completou.