Título: BC eleva projeção de IPCA para 2005 e 2006
Autor: Adriana Fernandes e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2005, Economia & Negócios, p. B3

Apesar da terapia de juros altos praticada durante a maior parte deste ano, o Banco Central (BC) divulgou ontem novas projeções para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais elevadas para 2005 e 2006. No último relatório trimestral de inflação do ano, o BC subiu de 3,5% para 3,8% a projeção para 2006. A estimativa para 2005 saltou de 5% para 5,7%. Mas, em resposta às críticas - que se tornaram mais intensas com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre -, o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, usou ontem as mesmas projeções de inflação na defesa da política de elevação da taxa Selic a partir de setembro de 2004.

Ele rebateu as avaliações - muitas vindas do próprio governo - de que o BC tenha errado a mão na condução da política monetária, forçando uma desaceleração excessiva do nível de atividade econômica.

Segundo ele, as decisões do BC foram corretas e as críticas não ameaçam a independência do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o rumo dos juros. "Nunca senti nenhum tipo de ameaça às decisões técnicas sobre taxas de juros tomadas pelo Comitê." Na defesa do BC, o diretor destacou que a meta de inflação deste ano vai ser cumprida, ficando dentro da margem de tolerância de 2,5 pontos porcentuais e abaixo da inflação de 2004, que foi de 7,6%.

A meta de 2005 era de 4,5% (teto inferior de 2% e superior de 7%), mas o BC decidiu, no fim de 2004, perseguir um objetivo de 5,1%. "Estamos fechando com uma inflação de 5,7% diante dos 8,1% em abril de 2005", disse Bevilaqua. Em abril, observou, houve o pico do cenário de aceleração da inflação, que precisava ser revertido.

Pela primeira vez, o BC divulgou também a previsão de inflação para 2007, projetada em 3,6%. O valor também é inferior à meta de 4,5% fixada para aquele ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).