Título: Teste para a novidade no câmbio
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

O segmento de câmbio estará no foco das atenções hoje, quando o mercado financeiro dá o pontapé para as atividades do novo ano com os negócios esvaziados pelo feriado nos Estados Unidos. Por decisão do Banco Central (BC), tomada na sexta-feira, a partir de hoje fica extinto o limite de US$ 6 milhões para a compra de dólar pelos bancos - a chamada posição comprada em dólar. A medida tem o claro objetivo de atrair compradores para dar sustentação às cotações da moeda americana. Até agora, o BC tem sido praticamente o único tomador de dólares no mercado, por meio de leilões de compra de divisas à vista e de venda de contratos de swap cambial reverso, operações que rendem juros ao comprador. A dupla atuação do BC não foi suficiente para evitar uma desvalorização de 12,4% do dólar perante o real em 2005.

A dúvida é saber se a eliminação do teto vai encorajar compras e dar suporte aos preços do dólar. Embora em queda, o juro básico, que abre 2006 em 18% ao ano, permanece bastante elevado, em termos nominais e reais, para que o investidor abra mão da aplicação em reais. Ademais, o mercado vem alimentando dúvidas se o BC continuará ativo em suas atuações no câmbio ou em que nível de preço deixaria de participar do mercado. A liberação do limite de compra de dólar pelos bancos poderia ser vista como o primeiro passo para a redução gradual de suas intervenções.

Seja como for, o BC comunicou na quinta-feira que vai ofertar ao mercado hoje, em leilão das 12 horas às 13 horas, mais 8.800 contratos de swap reverso com quatro vencimentos e valor financeiro de aproximadamente US$ 400 milhões.

Os principais indicadores que continuarão na mira dos investidores, em busca de pistas sobre as decisões do Copom sobre os juros, continuam sendo os de inflação e de atividade econômica. Segundo Flávio Farah, vice-presidente-executivo de Tesouraria do Banco WestLB do Brasil, o relatório de inflação do último trimestre de 2005, divulgado semana passada, trouxe preocupação nesses dois pontos. Os dados apontaram inflação ligeiramente superior às expectativas em outubro e novembro e prevêem retomada da atividade no último trimestre, após a queda no anterior.

Dentre os primeiros indicadores de inflação a ser divulgados nesta virada de ano, o mais aguardado é o IGP-DI de dezembro, que será conhecido na quinta-feira. Outro dado importante, ligado à atividade, segundo Farah, é o referente à produção e venda de veículos em dezembro, que será anunciado pela Anfavea nesta semana.