Título: China espera crescer mais 9%
Autor: Paulo Vicentini
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/01/2006, Economia & Negócios, p. B7

A economia chinesa poderá passar por outro "espetáculo de crescimento" em 2006, com uma expansão acima de 9%. "O ambiente econômico interno e externo permitirá uma elevada taxa de crescimento e a manutenção de um baixo índice de inflação", afirma o relatório divulgado ontem pelo Centro de Informações do Estado (CEI), órgão subordinado ao Conselho de Estado da China. O "segredo para o crescimento", segundo Hu Shaowei, pesquisador do CEI, está na "crescente capacidade de consumo dos camponeses e na notável elevação do poder aquisitivo da população urbana". Para Hu, o volume de vendas no varejo e de bens de consumo deverá registrar crescimento entre 12% e 13%, mantendo assim a média dos últimos 20 meses.

Hu, no entanto, ressaltou a importância das exportações na economia chinesa. "Desde que a China foi admitida na Organização Mundial do Comércio (OMC), há quatro anos, as exportações se converteram numa robusta força condutora da economia nacional. Acredito que cerca de 70% de nossa economia - direta ou indiretamente - depende do comércio exterior", analisa.

O crescimento nessa área é incontestável. Entre janeiro e novembro deste ano, o comércio exterior chinês movimentou US$ 1,282 trilhão, com um aumento de 23,5% ante o mesmo período do ano passado. "O superávit acumulado no período chegou a US$ 90,8 bilhões, tornando a economia nacional altamente dependente da demanda externa", afirma em seu relatório.

O prognóstico oficial ratifica o clima de otimismo e confiança em relação à pujança econômica da China. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, por exemplo, deve totalizar US$ 2,16 trilhões e colocar os chineses na condição de quarta economia mundial. "Os resultados acumulados ao longo destas últimas décadas nos credenciam a dizer que nosso crescimento será sustentável por muitos anos, ainda que com taxas um pouco menores", sintetiza Yang Changle, professor de economia da Universidade de Telecomunicações e Correios.

Yang diz que a economia chinesa viverá um "período chave" nestes próximos anos, ao entrar no 11º Plano Qüinqüenal (2006 - 2010). "O plano apresenta uma série de mudanças frente às edições anteriores, com destaque para a flexibilidade nos objetivos nacionais e regionais e a ênfase na capacidade de inovação tecnológica", diz ele. "Aposta ainda na expansão do consumo interno e na tendência para a diminuição de investimentos em determinados segmentos econômicos. É sinal de amadurecimento econômico".

O otimismo com relação ao crescimento também foi manifestada pelo presidente chinês Hu Jintao, em sua mensagem de fim de ano. "Em 2006, vamos persistir no desenvolvimento social e econômico, manter a abertura ao exterior, elevar a capacidade de inovação autônoma e acelerar a reestruturação econômica e a transformação do modelo do crescimento econômico", disse ele.