Título: Mercadante culpa PT por queda nas pesquisas
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2005, Nacional, p. A5

Crise, tensão pré-eleitoral e baixa na economia também influíram, avalia

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou ontem que "erros graves" cometidos por dirigentes e por parlamentares do PT contribuíram para a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, a vantagem obtida pelo prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), em relação ao presidente - conforme mostra pesquisa CNI/Ibope divulgada anteontem - é reflexo dos 250 dias de crise e da desaceleração da economia. "Estamos vivendo um momento difícil do governo em função de todo este processo. São 250 dias de crise política e parte dessa crise decorre de erros graves que foram cometidos, especialmente, por dirigentes do PT e por alguns parlamentares", declarou Mercadante.

O senador afirmou que o PT vai conseguir superar a crise, mas admitiu que os "erros" trouxeram prejuízos. "É evidente que os erros cometidos por integrantes do partido trouxeram problemas, mas estamos reconhecendo isso. Eles erraram muito, prejudicaram muito o partido, mas a maioria acredita neste sonho, sabe que o partido contribuiu muito nestes 25 anos e saberá superar essas dificuldades."

Para o senador, a economia terá um papel decisivo no futuro do PT e do presidente Lula. Segundo ele, três fatores serão pilares para a reversão da imagem negativa mostrada na pesquisa: emprego, inflação e salário. "Dois terços da popularidade do governo são relacionados ao emprego, ao salário e à inflação. No pior momento do governo Fernando Henrique Cardoso, sua popularidade era de 9%. O Lula tem o dobro disso. Então, é um cenário que pode ser revertido", opinou.

Mercadante elogiou a política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas disse que há espaço para o Banco Central baixar os juros.

Para o senador, só não há possibilidade de mudanças na atual meta de superávit, como quer o PT. "Não vejo condições para isso. O superávit é conseqüência da dívida pública, que está muito alta, e que pressiona a taxa de juros e a carga tributária", explicou Mercadante