Título: Hoje, índice de rejeição torna projeto inviável
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2005, Nacional, p. A4

A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem está hoje praticamente inviabilizada, em razão dos crescentes índices de rejeição que ele tem apresentado nas pesquisas de opinião, advertem os especialistas. Na pesquisa CNT/Sensus divulgada em novembro, o índice de rejeição do presidente ("não votaria") chegou a 46,7%; na pesquisa CNI/Ibope divulgada anteontem, o índice dos que declaram não confiar em Lula é de 53%. Uma indagação sobre o nível de confiança do eleitor num homem público não pode, no sentido clássico, ser tomado como uma decisão de votar ou não votar nele, explica o cientista político Antônio Lavareda, da MCI Estratégia. Assim, seria tecnicamente incorreto dizer que Lula tem uma rejeição de voto de 53%. Mas Lavareda entende que, como a confiança é o pressuposto maior do voto, pode-se dizer que esses 53% recusam o voto em Lula.

"Quando um eleitor declara que confia em um homem público, isso não significa que irá votar nele, necessariamente. Mas quando diz que não confia, certamente pode-se interpretar que ele recusa o voto àquele cidadão", analisou ele. De 46,7% para 53%, não se trata de uma evolução científica - até porque as duas pesquisas têm metodologia diferente - mas é razoável acreditar que a rejeição de Lula cresceu de novembro para cá.

Tanto Lavareda quanto o cientista político Ricardo Guedes, diretor do Sensus Pesquisa e Consultoria, adotam, em suas análises um cânone da interpretação de pesquisas - candidato que tem rejeição superior a 40% não se elege. Lavareda brinca: "Acima de 30%, diria que o candidato vai para o hospital; acima de 40%, é UTI".

A pesquisa CNT/Sensus de novembro mostrou que, em novembro, a candidatura Lula estava "na UTI". Para começar a se tornar um candidato viável para 2006, antes de qualquer outra providência, Lula tem de começar a trabalhar pesado para reduzir a sua rejeição e chegar às vésperas da eleição com o patamar abaixo de 40%.