Título: Caixa Econômica Federal volta a fazer leilão de jóias
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2005, Metrópole, p. C3

São 7.500 lotes de peças empenhadas, cujos juros não foram pagos pelos donos no prazo; preços são atraentes

As mancadas de Sebastião com Hercília estão empenhadas na Caixa Econômica Federal. "Quando meu pai fazia alguma besteira, não pedia desculpas para minha mãe. Dava uma jóia", conta a empresária Ana Paula Santana, de 36 anos, filha do casal. Ela foi anteontem à agência de Higienópolis da Caixa para quitar os juros atrasados das jóias da família e evitar que fossem leiloadas. "Até as alianças de casamento estão lá", diz Hercília, que tem cerca de R$ 5 mil empenhados. Após cerca de seis meses sem leilão, para fazer mudanças no sistema de computadores, a Caixa pretende vender na Grande São Paulo 7.500 lotes de jóias, num pregão que começou ontem e termina hoje. A arrecadação deve ser de, no mínimo, R$ 14 milhões. Os bens foram dados como garantia para obtenção de empréstimos e, como os juros não foram pagos após 30 dias do vencimento, serão vendidos. O preço dos lotes varia de R$ 70,00 a R$ 25 mil.

"É uma boa oportunidade para buscar presente de Natal, fazendo um bom negócio", afirma o gerente de mercado da Caixa em São Paulo, Silvio Renato Gomes Diz. O preço é bem menor do que o de joalherias porque, ao avaliar as peças, a Caixa não considera o design - só pedras, peso e ligações do ouro.

Assim como Ana Paula, a funcionária pública Maria Aparecida Lima, de 50 anos, correu para pagar os juros em atraso. Ela empenhou três pulseiras, uma corrente e um anel, avaliados em R$ 200,00. "Há uns cinco meses, eu precisava pagar condomínio, luz e não tinha dinheiro. Aqui a gente consegue na hora." Ela paga juros de aproximadamente R$ 30,00 por mês para manter as peças.

O maior atrativo do penhor de jóias é o empréstimo imediato e sem necessidade de avalista. Tanto é que um representante de jóias, de 31 anos, usa o sistema para ajudar no capital de giro. "Coloco aqui as jóias que não estão na moda e uso o dinheiro. Não é lucrativo, mas é rápido", disse ele, que preferiu não se identificar. "Agora que é fim de ano e vendi tudo, vim resgatar o que tenho aqui para vender."