Título: Para o Aerus, curadores da fundação são 'uns trapalhões'
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2005, Economia & Negócios, p. B16

O fundo de pensão Aerus, maior credor privado da Varig, elogiou a decisão do Tribunal de Justiça de afastar a Fundação Ruben Berta do controle da companhia. "Foi uma decisão sábia e podemos nos orgulhar do TJ do Rio", disse o presidente do fundo, Odilon Junqueira. "Os curadores da FRB são uns trapalhões metidos a homens de negócios e estavam levando a empresa à falência." O Aerus pretende apoiar o plano de recuperação a ser apresentado pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, na assembléia de credores da próxima segunda-feira. Com 48% dos créditos que fazem parte da recuperação judicial, o voto do fundo será determinante. "Vamos aprovar o plano e salvar a Varig." A rejeição do plano leva imediatamente à falência da companhia. O plano da Varig prevê uma moratória na dívida e a conversão de dívidas em participações em quatro Fundos de Participação e Investimentos (FIP) - um para as ações da FRB e os outros para cada uma das três categorias de credores (com e sem garantias reais e trabalhistas).

A tendência das estatais BR Distribuidora, Banco do Brasil e Infraero é a de recusar o plano de recuperação. Segundo uma fonte ligada a uma das estatais, a companhia está pedindo prazo de 60 anos para quitar dívidas com o governo. A empresa também estaria reivindicando isenção de cobrança de juros dos débitos e redução do principal da dívida com o governo.

Com ou sem a Fundação Ruben Berta no controle, o humor das empresas de leasing de aeronaves também parece ter se esgotado. "Não podemos mais continuar financiando a empresa", diz o advogado de uma delas. "O problema não é só a dívida passada. Se não tivermos um plano que mostre como a empresa irá pagar os compromissos correntes, não há como continuar fornecendo aviões."