Título: Mapa da saúde vai ajudar nas política públicas
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Metrópole, p. C6

Um banco de dados elaborado pela equipe do Hospital Israelita Albert Einstein vai servir de subsídio para as políticas de saúde da Prefeitura. Ontem, o prefeito José Serra (PSDB) recebeu o presidente da instituição, seu ex-secretário Claudio Luiz Lottembert, e viu a apresentação do Atlas da Saúde do Município, uma série de mapas sobre mortalidade na capital e atendimento da rede de hospitais públicos. As informações podem subsidiar, entre outras ações, a contratação de organizações sociais (OS), cuja regulamentação deve ser votada no início de janeiro pelos vereadores. Enquanto o projeto de lei, aprovado em primeira votação neste mês, não passar em definitivo pela Câmara Municipal, a Prefeitura não vai definir quais serão os primeiros equipamentos de saúde serão entregues às OS. "Não podemos falar sobre algo que ainda não foi aprovado", disse a secretária municipal de Saúde, Maria Cristina Cury. "O atlas mostra o que faz cada hospital, e isso ajuda na definição do planejamento de saúde de cada região. Vamos levar tudo isso em conta."

Serra voltou a defender o projeto das OS e disse que o déficit de médicos em regiões mais afastadas da cidade será reduzido "gradualmente" com a contratação das OS. O tucano voltou a criticar a oposição, por dificultar a aprovação do texto. "É o jogo do quanto pior, melhor. Não deixam votar para não melhorar o atendimento da saúde, que a população tanto quer."

O prefeito elogiou a iniciativa do Albert Einstein, que fez o estudo gratuitamente, através de parceria com a Prefeitura. Mas Serra sugeriu que os mapas incluam não só equipamentos públicos, mas também os hospitais particulares. "Imagino que um terço ou 40% da população use plano de saúde em São Paulo", justificou. O tucano também lembrou que os dados serão úteis à medida que forem atualizados, ano a ano, e formarem uma série histórica.

A análise feita pelos profissionais do Einstein mostra o perfil dos hospitais públicos, principalmente no que diz respeito à origem dos pacientes atendidos. Enquanto o Hospital das Clínicas, em Pinheiros, zona oeste, atende doentes de toda a cidade, unidades como a do Campo Limpo, na sul, são referência para uma determinada região da capital.

O mapeamento aponta as principais causas de morte no município e nas diversas regiões da cidade. As doenças cardiovasculares são as que mais matam os paulistanos em geral, mas os jovens da periferia são os mais sujeitos a perderem a vida por causas externas, como homicídios ou acidentes de trânsito.

Outro estudo do atlas traz informações sobre os tipos de câncer que mais acometem os paulistanos. O de mama, por exemplo, varia de acordo com a faixa etária e a localização geográfica. A doença é mais incidente entre mulheres de 30 a 44 anos que vivem na periferia, enquanto acima dessa idade os casos se concentram no centro da cidade, onde há maior quantidade de idosos.