Título: SP já ameaça congelar orçamento
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Metrópole, p. C6

O orçamento de R$ 17,2 bilhões aprovado anteontem pela Câmara Municipal para 2006 está superestimado e dificilmente se confirmará na prática. Essa é a avaliação do secretário municipal de Finanças, Mauro Ricardo Costa. Má notícia para os vereadores que inflaram, de última hora, em R$ 500 milhões o orçamento para o ano eleitoral. "Precisamos receber o orçamento e ver de onde eles previram receita para cobrir esses gastos, mas acho difícil chegar ao valor aprovado", afirmou. Como essas despesas incluídas por parlamentares só poderão ser feitas se tiver o dinheiro em caixa, é grande a probabilidade de muitas não saírem do papel. Para garantir que os gastos acompanhem a receita, Costa não descarta um congelamento dessas verbas, mesma medida tomada por Serra neste ano diante das dificuldades financeiras do Município. Até novembro, R$ 1,3 bilhão previstos para investimentos ainda estavam congelados.

O valor do orçamento de 2006 supera em mais de R$ 2 bilhões os R$ 15,2 bilhões previstos para este ano pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Isso sem falar que a previsão da petista foi otimista demais. Na estimativa do governo atual, a Prefeitura fechará 2005 com receita de R$ 14,9 bilhões. Entram nessa conta os mais de R$ 500 milhões que Serra ganhou de dois bancos privados na licitação que transferiu a essas instituições as contas do Município e dos funcionários públicos.

Em ano eleitoral, Serra, um dos nomes cotados no PSDB para disputar a Presidência da República, poderá ter R$ 800 milhões a mais para gastar em investimentos, como o Corredor Expresso Cidade Tiradentes, o Sistema Viário Jacu-Pêssego e os Hospitais Cidade Tiradentes e M'Boi Mirim.

Ao todo, estão orçados R$ 2,4 bilhões, contra R$ 1,7 bilhão deste ano. Aceitar emendas de vereadores, mesmo sabendo que dificilmente sairão do papel, faz parte do jogo político. Assim, o vereador fica bem com seu eleitorado e, se a obra sair, melhor ainda. Essa tem sido a estratégia do governo Serra para conseguir maioria no Legislativo.