Título: Depois do FMI, País vai zerar com o Clube de Paris
Autor: Lu Aiko Otta, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Após anunciar o fim da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá comemorar, em 2006, a quitação dos débitos do País ao Clube de Paris. Em outubro, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, essa dívida era de R$ 5,765 bilhões. O Clube de Paris é uma instituição informal que reúne países credores. O Brasil tornou-se devedor do Clube em 1983, quando reestruturou sua dívida externa. A notícia do fim da dívida com o Clube foi dada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, durante reunião ministerial no Palácio do Planalto na segunda-feira. Ao contrário da dívida com o FMI, porém, não se trata de quitação antecipada. Desde 1992, quando o Brasil renegociou sua dívida com o Clube, estava acertado que a última parcela seria paga em 31 de dezembro de 2006.

O fim da dívida com o Clube de Paris, assim como a quitação da dívida com o FMI, faz parte de estratégia mais ampla para melhorar a classificação do Brasil pelas agências de classificação de risco. Essas agências avaliam o risco de calote de um país.

A dívida com o Clube de Paris é um vestígio da época em que o Brasil devia muito ao exterior e decretou moratória, por isso a importância de tirá-la da contabilidade oficial.

Da mesma forma, o Tesouro Nacional conseguiu, este ano, retirar de circulação os C-Bonds, títulos emitidos na renegociação da dívida externa. Ainda havia US$ 4,5 bilhões deles no mercado, que foram trocados por outros papéis, chamados A-Bonds, com prazo de vencimento mais longo. Ainda restam outros papéis emitidos na renegociação da dívida externa, os chamados Bradies. São US$ 7,8 bilhões desses títulos.

Todo esse esforço é para aumentar as chances de o Brasil ser classificado como grau de investimento (¿investment grade¿), uma espécie de selo de qualidade que dará acesso ao bilionário mercado dos fundos de pensão internacionais.