Título: Cai o desemprego na Grande SP
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Economia & Negócios, p. B3

Índice de novembro, de 16,4% da população trabalhadora, é o menor nesse mês desde 2001

O desemprego na Grande São Paulo ficou em 16,4% da População Economicamente Ativa (PEA) em novembro, apresentando queda, após permanecer estável em 16,9% em setembro e outubro. Em igual mês de 2004, o índice era de 17,4%. É a menor taxa de desemprego para um mês de novembro desde 2001, informam a Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Paralelamente, as instituições constataram que, em outubro, o rendimento médio real de ocupados e assalariados diminuiu em 1,5%, passando a equivaler a R$ 1.062 e R$ 1.138, respectivamente, voltando a patamares de dois anos atrás.

Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o contingente de desempregados foi reduzido em 43 mil pessoas, resultado da geração de 86 mil postos e o ingresso de 43 mil pessoas no mercado de trabalho. A estimativa é de que há na região 1,64 milhão de desempregados.

Os pesquisadores destacam que, pela primeira vez em seis meses, novembro teve ampliação no nível de ocupação, em 1%, com a geração de 31 mil postos no comércio, 29 mil em serviços e 25 mil na indústria, o melhor desempenho de ocupação neste mês desde 2000.

A taxa de desemprego deverá manter tendência de queda este mês, podendo ficar em patamar inferior aos 16,2% da PEA do mesmo mês de 2000.

A estimativa é dos técnicos da Seade/Dieese, que também admitiram a possibilidade de o desemprego médio deste ano ficar abaixo do constatado em 2000. "É bem possível que fique entre 17% e 17,3%, num desempenho melhor do que o de 2000, quando ficou em 17,6%", afirma Alexandre Loloian, da Fundação Seade. "É provável que, em dezembro, o desemprego diminua em relação aos 16,4% de novembro dada a continuidade das atividades do comércio, mesmo que os empregos gerados sejam temporários. Pode ser que a indústria também mantenha alguma contratação, mas é difícil dizer se esse movimento se manterá em janeiro", afirma o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.

Vagas temporárias para o Natal abertas pelo comércio ajudaram a reduzir o desemprego na Grande São Paulo. Só para a megaloja da Casas Bahia, montada no Anhembi para o período de 20 de novembro a 30 de dezembro, foram contratadas 600 pessoas. Muitas delas devem ser efetivadas, informa a rede, que este ano abriu 11,4 mil postos de trabalho em todo o Estado. No País, foram 22 mil contratações e mais 10 mil estão previstas para 2006.

Na rede Wall-Mart há 325 temporários contratados em novembro em São Paulo. Um deles é o estudante de Letras Isac dos Santos Junior, de 19 anos. Ele ficou três meses sem trabalho, após perder emprego de operador de telemarketing em uma pizzaria. Isac foi selecionado para trabalhar no caixa do supermercado há 20 dias.

"Emprego é essencial", resume ele, que usará parte do salário para pagar mensalidades da faculdade. Ele mora com os país na zona sul da capital e a mãe está desempregada. Isac torce agora para ser efetivado. O contrato vence no fim do mês. "Conto com isso", diz.

As duas instituições acreditam que o crescimento econômico em 2006 vai superar o deste ano, o que tende a diminuir a taxa de desemprego.

RENDIMENTO

Aumento de inflação em setembro e outubro, geração de empregos no comércio (que paga menores salários) e concentração de empregos novos sem registro em carteira são fatores que, diz o Dieese, justificam a queda de 1,5% no rendimento médio real dos trabalhadores em outubro. "Estamos no fundo do poço, com o valor recebido por um assalariado no mesmo patamar de outubro de 2003, um momento muito ruim do mercado de trabalho", lamenta Lúcio. O rendimento médio de um ocupado ficou em R$ 1.062. Atualizado, o valor de outubro de 2003 era de R$ 1.061 e de R$ 1.385 em igual mês de 2000. "Só com o crescimento econômico contínuo, por muitos anos, e a redução do desemprego teremos expansão da renda", diz Lúcio.