Título: Astronauta brasileiro fará nove experimentos em órbita
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Vida&, p. A18

Marcos Pontes, que irá em nave russa, fará testes elaborados por 35 cientistas do País

Biotecnologia: "Efeito da gravidade na cinética das enzimas", do Centro Universitário da Fac. de Engenharia Industrial (FEI) Biotecnologia: "Danos e reparos no DNA na microgravidade", da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)

Engenharia mecânica: "Teste de evaporadores capilares em ambiente de microgravidade", da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Engenharia mecânica: "Minitubos de calor", da UFSC

Microeletrônica, Mecânica e Biologia: "Nuvens de interação protéica", do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA/MCT)

Nanotecnologia: "Nanossonda para ambiente de microgravidade", da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Biotecnologia e Engenharia Genética: "Germinação de sementes em microgravidade", da Embrapa

Biologia: "Sementes de feijão", da Secretaria de Educação de São José dos Campos (SP)

Biologia: "Cromatografia da clorofila", da Secretaria de Educação de São José dos Campos

O primeiro brasileiro a ir à Estação Espacial Internacional, o tenente-coronel Marcos César Pontes, já sabe que terá de realizar nove experimentos no espaço, projetados por 35 cientistas brasileiros. Pontes embarcará na nave russa Soyuz, da agência Roscosmos, em 22 de março. Ele ficará oito dias em órbita.

Entre os experimentos, há projetos desenvolvidos por instituições que certamente despertarão o interesse de vários profissionais. Um deles é o projeto desenvolvido para verificar danos e reparos no DNA na microgravidade (no espaço). Segundo Nasser Ribeiro Asad, um dos responsáveis pelo experimento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com um pequeno equipamento chamado módulo de luz será analisado o efeito da radiação ultravioleta no DNA da bactéria Escherichia coli. Na sua opinião, trata-se de um passo importante para que se consiga verificar a capacidade da bactéria de corrigir em seu DNA as lesões provocadas pela radiação, causa de deformações celulares.

"Caso se constate que a bactéria não foi capaz de corrigir os danos em seu DNA, teremos de começar a estudar os efeitos da radiação nas células humanas em ambientes de microgravidade e pensar formas de proteger os astronautas dessas radiações", disse Asad. De acordo com ele, o aperfeiçoamento do equipamento usado no espaço pode levar a novos estudos sobre os efeitos em pessoas de radiações na Terra.

DANÇA DE PARTÍCULAS

Já o experimento Nuvens de Interação Protéica pode despertar interesse de educadores, artistas e farmacêuticos por causa dos equipamentos usados e das imagens de gotas de proteínas em movimento numa espécie de dança de partículas. Segundo o engenheiro Aristides Pavani, do Centro de Pesquisas Renato Archer, de São Paulo, será estudado o fenômeno da atomização e a interação de proteínas bioluminescentes, responsáveis pelo efeito da luz em vaga-lumes, larvas, animais marinhos e fungos.

Para que essa experiência foram desenvolvidos atomizadores, que dividem as proteínas bioluminescentes em micropartículas. "Esse equipamento pode vir a ser usado por farmacêuticos, porque cada vez mais, para reduzir custos, eles precisam separar substâncias em partículas cada vez menores", explicou Pavani.