Título: Câmbio atrapalha. Mas preço do ferro e gripe aviária ajudam
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Aumento de 71,5% nos preços do minério de ferro, gripe aviária e o mal da vaca louca, que elevaram o Brasil à condição de um dos maiores exportadores de carne de frango e bovina, garantiram o resultado recorde da balança comercial brasileira, apesar do pessimismo do mercado por causa da cotação do dólar desfavorável. A avaliação é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). ¿Ninguém projetava correção do minério de ferro de 71,5%, assim como os preços da carne de frango aumentaram por causa da gripe aviária, que transformou o Brasil no maior exportador mundial de carne de frango¿, avalia o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, que também lembra que o mal da vaca louca fez com que o País se tornasse o maior exportador de carne bovina.

O crescimento das exportações de produtos manufaturados, mas suscetíveis à desvalorização do dólar em relação ao real, também teve peso para o bom desempenho da balança, comercial lembra Castro.

Contribuiu para isso, segundo o executivo, a estratégia das grandes empresas, que optaram por manter suas vendas, apesar dos prejuízos com a variação cambial. Já entre as pequenas, ele ressalta que em torno de mil deixaram de vender para fora no ano passado.

O presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, lembra que o bom resultado da balança também é decorrência do esforço que vem sendo realizado já alguns anos para abrir mercados e mostrar os produtos brasileiros.

Quanto à variação cambial, o executivo lembra que a Volks teve de reajustar seus preços em 15% em 2005. Apesar disso, a montadora exportou 8,9 mil unidades, recorde histórico da companhia.

¿Temos a percepção de que o dólar vai se situar entre R$ 2,45 e R$ 2,50. Assim, não teríamos de reajustar os preços lá fora¿, afirma. Caso o dólar não atinja essa cotação, Cortes prevê reajuste em torno de 10% nos preços dos caminhões e dos ônibus no exterior.

Em 2006, o executivo estima que as exportações deverão responder por 25% da produção, ante 20% de 2005. Com isso, a montadora vai antecipar uma meta traçada para 2007.