Título: Nova meta é alta, mas factível, dizem analistas
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

A meta para as exportações deste ano, divulgada ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, está acima da apresentada pelo mercado financeiro, mas é considerada factível pelos analistas consultados pelo Estado. De acordo com o ministro, o País deve vender este ano US$ 132 bilhões para o exterior. Pela pesquisa Focus do Banco Central divulgada ontem, essa média das previsões é de US$ 124 bilhões. "A experiência de 2005 é a de que é preciso ter humildade", afirmou o economista do Banco Santander, Constantin Jancsó, referindo-se à avaliação do mercado no início do ano passado, quando a meta para o período foi estipulada pelo governo. Na ocasião, os números apresentados por Furlan foram considerados "exagerados". "Não dá para descartar a meta para este ano", afirmou.

Jancsó conta com um volume de vendas de US$ 123,2 bilhões, o que deve resultar em um superávit de US$ 35,4 bilhões para a balança deste ano. Para ele, em 2006 deve haver uma concentração da pauta de exportações, o que não ocorreu no ano passado. "As vendas continuam a crescer nos setores em que o País é competitivo, mas deve ocorrer a saída de outros segmentos. Isto, em parte, em razão do dólar."

Segundo a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, os US$ 132 bilhões, estimados pelo ministro estão um pouco acima do esperado. "O número não é tão absurdo, embora eu acredite que seja menor que o projetado", disse a economista, que espera US$ 124 bilhões para as vendas ao exterior.

De acordo com Maristella, o banco espera um crescimento um pouco mais modesto das exportações, na comparação com o resultado de 2005 - quando atingiram US$ 118,309 bilhões - e um aumento mais significativo das importações. A economista trabalha com um valor de US$ 87,5 bilhões em compras, o que resultaria num superávit de US$ 36,5 bilhões - abaixo do resultado oficial de 2005, de US$ 44,764 bilhões, também divulgado hoje.

Já o economista-chefe do Pátria Banco de Negócios, Luís Fernando Lopes, considerou a meta do ministro "bem ambiciosa". "Pode ser atingida, sim, mas é uma meta que supõe que o resto do mundo vai ajudar. A locomotiva vem de fora."

A projeção das vendas do Pátria é de US$ 125 milhões ao final do ano, que já conta com uma expansão de 12% do comércio internacional. Se a estimativa de Lopes estiver correta, a balança encerrará 2006 com um saldo de US$ 37,3 bilhões.

De acordo com o economista, as principais surpresas das exportações devem vir das commodities agrícolas, com destaque para suco de laranja, açúcar e algodão. Para Lopes, o dado apresentado ontem por Furlan pode empurrar para cima as previsões do mercado. Na semana passada, alguns agentes já haviam cogitado a possibilidade, mas disseram preferir aguardar a meta do governo antes de alterar seus números.