Título: Economistas erraram feio nas previsões
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Na primeira semana de janeiro de 2005, os mais respeitados economistas de instituições financeiras do País previam que chegaríamos em dezembro com um saldo positivo na balança comercial de US$ 26,1 bilhões. Erraram feio aqueles que participaram da projeção Focus, do Banco Central. O resultado real foi de US$ 44,7 bilhões, ou US$ 18,1 bilhões (70%) a mais do que previam. O que leva economistas a errarem tanto? Ex-diretor do BC e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes diz que dois choques, não percebidos e difíceis de mensurar, influenciaram o erro. O primeiro, o choque de produtividade, com empresas reduzindo custos e conseguindo ganhar e vender produtos mais baratos. Mais: conquistar novos mercados externos. O segundo, o choque das commodities: com oscilações de preço, como a soja em queda e o minério em alta, criando compensações e produtores vendendo mais.

"Mas, como previsto e em função do câmbio, com o real valorizado em relação ao dólar, setores como têxteis e calçados saíram perdendo. O fato é que produtos que usam insumos importados ganharam espaço, se valendo da outra face da moeda." As importações, justifica o economista, cresceram e acabaram por contribuir para este efeito.

Ele também busca no cenário internacional uma explicação para o tamanho do erro. "Há um excesso de liquidez (dinheiro em circulação) no mercado internacional, tanto que mesmo com um déficit fiscal gigantesco, a economia americana cresceu. E crescimento é sinônimo de exportações em alta".