Título: Brasil exportou US$ 118 bi em 2005 e Furlan já aposta em US$ 132 bi
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Nunca o País exportou tanto como em 2005, apesar do real valorizado, da crise da febre aftosa e da quebra da safra agrícola. A perspectiva é bater novo recorde este ano, mas com crescimento menor que o de 2005. As exportações somaram US$ 118,309 bilhões, 23,1% mais que em 2004, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A taxa de crescimento superou a média mundial prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 14%. Para este ano, a projeção do governo é exportar US$ 132 bilhões, com crescimento de 11%, a metade da taxa de 2005.

"É uma projeção que o mercado pode considerar otimista, mas a nossa equipe consultou todos os setores e temos a convicção de que é perfeitamente atingível", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Ele também não descartou a possibilidade de um volume de exportações ainda maior em razão do nível crescente da taxa de câmbio. "O câmbio poderá ajudar as previsões a ficarem até mais otimistas em meados do ano." Furlan observou que a partir de 2003 o País ampliou as exportações acima da média mundial e isso deve continuar.

O ministro acredita na acomodação do câmbio ao longo do ano num nível superior ao atual. A recente decisão do Banco Central (BC) de retirar o limite para os bancos comprarem dólar poderá ajudar, em tese, a sustentar a cotação do câmbio. "Mas hoje a sensibilidade do mercado não está definida."

Para fazer a projeção de 2006, Furlan levou em conta a taxa de câmbio entre R$ 2,20 e R$ 2,55, um prognóstico conservador, segundo ele. As estimativas também consideraram o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4% para 2006.

Furlan ressaltou que o governo pretende continuar perseguindo algumas mudanças estruturais, como a simplificação da burocracia cambial, da mesma forma como já vem trabalhando para simplificar a burocracia no comércio exterior.

"A lei básica do câmbio é de 1937 e precisa de um projeto de lei a ser enviado ao Congresso de forma que se possa fazer uma legislação para o século 21. O Brasil conta hoje com abundância de divisas e essa lei foi feita quando havia escassez."

Entre os fatores apontados pelo ministro para as vendas externas de 2005 terem superado todas as projeções está a inclusão de novos setores e regiões do País no mercado externo. Ele apontou também a simplificação dos programas de comércio exterior. "Neste ano, vamos ter a entrada do Novoex, que vai facilitar a vida dos exportadores."

Furlan também atribuiu o bom resultado a esforços das próprias empresas, às missões comerciais ao exterior e ao crescimento da economia mundial, que propiciou maior demanda por bens e aumento dos preços das commodities. Os produtos manufaturados registraram no ano passado a maior taxa de crescimento de quantidades exportadas (12,7%).

Essa categoria de produto foi a que mais contribuiu para o aumento das exportações. Em 2004, os manufaturados responderam por 54,9% das vendas externas e, em 2005, por 55,1%. "A qualidade das exportações está melhorando", afirmou o ministro. Ele destacou as vendas externas de materiais de transporte e combustíveis.

Além das exportações recordes, as importações, o saldo comercial e o fluxo de comércio exterior atingiram níveis históricos em 2005. As importações somaram US$ 73,545 bilhões, com alta de 17%. Furlan observa que as importações vão crescer este ano acima 20%, a depender do mercado interno.

O saldo comercial de 2005 foi de US$ 44,764 bilhões, 33% maior que no ano anterior. O ministro admite que o superávit pode diminuir este ano. "Não temos a preocupação de manter superávit no nível de US$ 45 bilhões, o Brasil não precisa disso."