Título: IGP-M menor ajuda controle em 2006
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

Apontado como o vilão das tarifas públicas nos últimos anos, o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) deve dar uma forcinha para controlar a inflação em 2006. O índice que rege os contratos de energia e água, entre outros, fechou 2005 em 1,21%, menor nível desde que começou a ser apurado, refletindo a valorização do real ante o dólar no ano. O bom desempenho terá reflexos positivos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo para fixar as metas anuais de inflação. "O baixo IGP-M de 2005 contribui para reduzir o risco inflacionário de 2006", aponta o economista Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, explicando que os preços administrados ou monitorados pelo governo, muitos deles indexados àquele índice, correspondem a cerca de 30% do cálculo do IPCA. Ou seja, com reajustes menores nos serviços públicos, a tendência é que a inflação caminhe mais facilmente para o centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%. Padovani acredita que o IPCA deva fechar 2006 em 4,6%.

"Pela primeira vez na história das metas de inflação no Brasil, os preços administrados vão atuar como facilitador para que o governo atinja as metas. Antes, eles puxavam para cima e era preciso conter o consumo para segurar os preços livres", destaca o economista da FGV Salomão Quadros. Ele espera que os preços administrados fechem 2006 com alta na casa dos 4,5%, quase a metade dos 8% registrados no ano passado.

Quadros lembra ainda que o IGP-M regula outros contratos de serviços privados, como aluguel e TV a cabo, o que deve ampliar o impacto positivo do índice sobre a inflação deste ano.

Já no caso da telefonia fixa, a história será diferente: os contratos eram regidos pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) - que só difere do IGP-M no período de coleta e, por isso, deve acompanhar o bom desempenho - mas foram alterados no primeiro dia de 2006 para o IPCA, que deve fechar 2005 bem mais alto. "É a maldição dos índices", brinca Padovani.