Título: Alimentos derrubam inflação do IPC-S
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

Os alimentos chegaram mais baratos à mesa do consumidor em 2005 e derrubaram a inflação do varejo, que foi inferior à de 2004. É o que mostrou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ontem, durante o anúncio da taxa média acumulada no ano do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), que subiu 4,95% em 2005, ante 6,3% no ano anterior. O IPC-S também desacelerou em sua última edição do ano, referente à semana encerrada em 31 de dezembro:alta de 0,46%, ante 0,49% na semana anterior. Segundo o economista da FGV André Braz, os alimentos assumiram papel de destaque entre as principais quedas de preço na inflação do varejo em 2005. As cinco maiores quedas nos preços ao consumidor ocorreram em produtos de alimentação. A queda no preço do leite longa vida (9,56%) ocupou a primeira posição entre as principais deflações no varejo.

O comportamento dos preços dos alimentos foi determinante para segurar o impacto das tarifas e preços administrados na inflação, na avaliação de Braz. "Cerca de 39% da taxa anual do IPC-S foi originada de administrados." As cinco principais elevações de preços na inflação do varejo em 2005 foram em preços controlados.

Braz comentou que, mais uma vez, os alimentos tiveram papel importante na desaceleração do indicador: foi a elevação mais fraca nos preços de hortaliças e legumes (de 7,87% para 5,47%) que levou a uma taxa menor na última semana do ano. Porém, ele não descartou a possibilidade de que o IPC-S volte a acelerar na próxima apuração, uma vez que janeiro recebe grande impacto de preços administrados, como reajustes em mensalidades escolares.

NÚCLEO

Ontem a FGV anunciou ainda o núcleo da inflação do varejo, que funciona como indicador de tendência e subiu 0,36% na última edição de 2005, ante 0,31% na anterior. Mesmo com essa aceleração, Braz considerou que o núcleo, que exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preço ao consumidor, mostrou um cenário positivo na inflação em 2005, sem aumentos generalizados de preços, e apenas com alguns "choques" ocasionais - como o do petróleo, por exemplo. Isso porque a taxa acumulada do núcleo encerrou o ano passado com alta de 5,07%, ante aumento de 5,87% em 2004.