Título: PIB da China cresce ainda mais em 2005: 9,8%
Autor: Paulo Vicentini
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2006, Economia & Negócios, p. B7

A China surpreendeu novamente e anunciou que seu Produto Interno Bruto (PIB) pode ter crescido ainda mais no ano passado: 9,8% em vez dos 9,4% anunciados antes. O dado extra-oficial foi divulgado pelo vice-ministro da poderosa Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Ou Xinqian. O crescimento previsto para 2006 é mais de 9%.O número está acima do limite anunciado de 9,4% para 2005 e bate o recorde de 2003 e 2004, quando a economia chinesa cresceu 9,5% apesar das medidas aplicadas desde 2003 para esfriar setores com excesso de investimento. O vice-ministro atribuiu a alta à "revisão das estatísticas oficiais de 2004". Abandonando a tradicional cautela, Ou afirmou ainda que a economia chinesa "está em plena forma e cresceu no último ano de uma forma relativamente rápida".

A economista-sênior da consultoria YCW, Maggie Wang, ressaltou ao Estado que o "o fato é que os investimentos em ativos fixos continuam turbinando a expansão da economia". Segundo ela, não há razão para novas apreensões em relação a um novo período de superaquecimento da economia. "As medidas de macrocontrole ainda estão em vigor. É preciso lembrar que partimos de uma base econômica muito fraca há cerca de 25 anos e que há uma certa normalidade em identificarmos uma concentração de investimentos em determinados setores, como siderurgia ou construção civil."

Maggie também diz não se surpreender com o desempenho da economia em 2005. "A China absorveu cerca de US$ 270 bilhões em investimentos diretos estrangeiros nos últimos cinco anos. O resultado prático desses recursos, porém, ficou mais evidente no último triênio, quando crescemos seguidamente acima dos 9%. Mas é óbvio que uma expansão de 9,8% é digna de nota e serve como referência mundial."

A economista também aponta a expansão do setor de serviços como um fator preponderante para o salto qualitativo da estrutura econômica. Segundo Maggie, o censo recentemente divulgado mostra que o papel do setor terciário "estava subdimensionado, pois já responde por cerca de 40% da economia".

Ela previu que o país deverá continuar enfrentando muitas dificuldades na área energética e no setor de transportes nos próximos anos, em virtude do forte ritmo de crescimento.

O Ministério do Comércio da China expressou seu agradecimento ao presidente americano, George W.Bush, por ter rejeitado impor cotas à importação de tubos de aço chineses. "É a quarta vez que Bush rejeita impor cotas a importações de produtos chineses", informou a agência oficial chinesa 'Xinhua'.

Após meses de pressão dos EUA contra a China por causa da invasão dos têxteis chineses, Washington parece ter adotado uma atitude mais moderada.

Bush, que já tomou outras decisões favoráveis ao comércio chinês nos últimos meses, argumentou sexta-feira que as cotas à importação de encanamentos trariam aos consumidores americanos um custo maior que o benefício concedido aos fabricantes nacionais. Ele também disse que a medida não teria bons resultados porque os produtos de outros países ocupariam o lugar dos encanamentos chineses.