Título: 'Lula tem complexo de Cabral', reage Madeira
Autor: Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2005, Nacional, p. A5

O secretário de governo de São Paulo e ex-líder do governo de Fernando Henrique Cardoso na Câmara, Arnaldo Madeira, disse que o presidente Lula "tem complexo de Pedro Álvares Cabral" e que "perdeu a oportunidade de ficar calado" nos discursos proferidos ontem em Osasco e em São Paulo. Lula desafiou a comparação de seu governo com as realizações dos antecessores e acusou a oposição de ter inveja de seu sucesso. Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), Lula se mostra "um homem absolutamente alienado, que não tem a mínima idéia ou consciência do que se passa no País", e que "procura enganar a população com uma repetição cansativa da mesma fraseologia e verborragia". "Infelizmente estamos diante de uma figura que já atingiu o nível do ridículo. Não faz outra coisa que três discursos por dia, todos os dias", cutucou Goldman. "Um belo presente de Natal que ele poderia nos dar era parar de falar."

Para os tucanos, os feitos alardeados por Lula devem-se à continuidade das políticas de FHC pelo atual governo, combinada ao favorável cenário mundial. "Estamos crescendo abaixo de todos os países em desenvolvimento", disse Madeira, "perdendo uma oportunidade histórica de crescimento". "Países como a China e a Índia conseguiram puxar a economia mundial. E o Brasil está entre os que só são puxados", disse Goldman. "Eles (PT e governo) não são capazes de apontar uma ação do governo que tenha ajudado no crescimento econômico, no aumento das exportações ou no pagamento das dívidas."

O deputado disse que o poder de compra do salário mínimo vem crescendo sistematicamente desde o governo anterior, "um aumento de 4,5% ao ano, contra menos dos 4% de média do Lula". Ele ironizou os números da reforma agrária, dizendo que "nem o MST, que é um braço do governo, concorda com Lula", e chamou as comparações das políticas sociais dos dois governos de "insossas".

"O fato de fornecer mais cestas ou bolsas não identifica uma política social, mas a derrota de um governo incapaz de fornecer emprego, salário, moradia, saneamento. Oferece, em contrapartida, uma esmola. E imagina que, por R$ 65, ele está comprando o voto de uma família. É ao que se reduz a política social do governo Lula", prosseguiu Goldman, em referência ao Bolsa Família. "Lula unificou os projetos sociais de FHC", disse Madeira. "Os programas atuais dão o peixe, mas não ensinam a pescar. Lula deveria aprender com o Palocci, que falou da continuidade da política econômica de FHC. Deveria ter a modéstia de dizer que o certo não era sua política."