Título: Detido outro suspeito do ataque ao metrô londrino
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Internacional, p. A15

Radical islâmico de 23 anos foi preso pela Scotland Yard ao desembarcar no Aeroporto de Gatwick de um avião procedente de Adis-Abeba, Etiópia

Agentes especiais da Scotland Yard prenderam ontem no Aeroporto de Gatwick, sul de Londres, um suspeito de envolvimento nos fracassados ataques terroristas de 21 de julho contra o metrô e um ônibus londrinos, informou o Ministério do Interior britânico. Identificado apenas como um jovem islâmico de 23 anos, ele é o 15.º detido em relação àqueles atentados. Entre os 15 estão os 5 muçulmanos que tentaram explodir, sem êxito, bombas que carregavam em mochilas.

A brigada antiterrorista foi mobilizada pela direção da polícia metropolitana na noite de segunda-feira. Ao amanhecer de ontem, por volta de 5 horas (3 horas de Brasília), agentes da corporação tomaram posição no Aeroporto de Gatwick. Quando o suspeito desembarcou de um avião comercial procedente de Adis- Abeba, capital da Etiópia, foi agarrado. Segundo a imprensa local, o suspeito estava desarmado e não ofereceu resistência. Nessa operação, a Scotland Yard contou com o apoio de forças de segurança do Condado de Sussex, onde fica o aeroporto.

A ordem de prisão fundamentou-se nas leis antiterroristas britânicas adotadas em 2002 como redação britânica aos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, que deixaram quase 3 mil mortos em Nova York e Washington.

O detido foi interrogado e indiciado na delegacia londrina de Paddington Green como suspeito de preparar, cometer e instigar atos terroristas. O suspeito morava no bairro de Tottenham (zona norte de Londres) antes de fugir do país. As autoridades policiais acreditam que ele tenha embarcado para o norte da África em junho, um mês antes do frustrado ataque.

Funcionários da Scotland Yard acreditam que o jovem capturado em Gatwick teve um papel de destaque nos atentados de 21 de julho. Ele teria dado apoio logísticos aos islâmicos incumbidos dos ataques. Não houve vítimas porque as bombas não explodiram: ficaram intactas depois de acionados os detonadores. Segundo peritos da Scotland Yard, os componentes químicos usados em sua fabricação teriam sofrido a ação do tempo, perdendo as características iniciais.

Entre os detidos, apenas os cinco envolvidos diretamente nos frustrados ataques compareceram em agosto ao tribunal de Old Bailey. Ali foram formalmente indiciados. São eles: Ibrahim Muktar Said e Hussein Osman, ambos de 27 anos; Ramzi Mohamed, 23; Yassin Omar, 24; e Manfo Kwaku Asiedu, 32. Todos eles foram detidos em julho numa vasta operação antiterrorista desencadeada conjuntamente na Grã-Bretanha e na Itália (onde se refugiu Osman logo depois dos ataques).

Said, Osman, Mohamed e Omar são acusados de conspiração para assassinar, fabricação de explosivos e porte ilegal de explosivos. Asiedu responde pela denúncia de conspirar para assassinar e tentativa de provocar explosões. Ele abandonou uma mochila com uma bomba em seu interior no parque de Little Wormwood Scrubs (noroeste de Londres), que a polícia encontrou em 23 de julho.

Os malogrados ataques de 21 de julho deveriam atingir um ônibus da linha 26, durante sua passagem por Hackney, zona leste de Londres, e as estações do metrô de Oval, zona sul, Warren Street, centro, e Shepherd's Bush, oeste. Duas semanas antes, em 7 de julho, ocorreram os atentados mais sangrentos da história de Londres, também contra estações do metrô e um ônibus, que deixaram 56 mortos, incluindo os quatro terroristas