Título: Popularidade de Bush sobe 8 pontos
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Internacional, p. A12

Aprovação do presidente aumenta para 47% após discursos em que assumiu erros na campanha do Iraque

A estratégia do presidente George W. Bush de abandonar a atitude teimosa que tinha adotado em relação aos problemas que os EUA enfrentam no Iraque e passar a admitir erros e reconhecer as dificuldades à frente parece estar dando resultado. Depois de ver sua popularidade despencar ao longo de vários meses nas pesquisas de opinião, o líder americano recuperou uma parte da simpatia da opinião pública, pela última pesquisa Washington Post/ABC. Realizada entre os dia 15 e 18 com 1.003 eleitores, a sondagem foi a primeira medição dos efeitos da ofensiva que Bush lançou em cinco discursos e várias entrevistas que deu para reverter a forte perda de apoio que sofreu, especialmente em sua base republicana.

A taxa de aprovação de Bush subiu de 39%, no início de novembro, quando atingiu seu nível mais baixo nessa sondagem, para 47%. Seu desempenho junto ao eleitorado melhorou também em relação à guerra do Iraque, provavelmente por causa do forte comparecimento à urnas nas primeiras eleições parlamentares realizadas no país, sob a nova Constituição.

Bush é agora respaldado por 46% dos americanos - um salto de 10% em relação ao mês anterior. Embora 52% continuem a achar que o Iraque não é um país pelo qual valha a pena os EUA lutarem e favoreçam uma redução das tropas americanas no Iraque, a avaliação do público melhorou quanto aos progressos que estão sendo feitos para restabelecer a ordem no país ( 60% agora, em comparação com 44% no mês passado) e consolidar um governo democrático em Bagdá (65% e 47%, respectivamente).

Mais da metade, ou 56%, indicou que aprova o modo como Bush vem conduzindo a guerra contra o terrorismo, um quesito em que ele sempre manteve bons números, mas no qual havia resvalado para 48% em novembro. Mas, no cômputo geral, 52% dos americanos disseram que desaprovam sua conduta na presidência. A pesquisa mostrou que os ganhos na avaliação popular em relação ao Iraque foram obtidos sobretudo na base republicana, que vinha se afastando de Bush. Eles podem evaporar, porém, se nas próximas semanas e meses não houver notícias positivas sobre a estabilização interna do Iraque, a redução do número de atentados no país e de soldados americanos mortos, bem como o início do retorno de tropas. A ameaça de uma nova erosão da popularidade do presidente está ligada a uma sólida maioria de 60% que acredita que Bush ainda não explicou adequadamente por que os EUA estão no Iraque.

A pesquisa Post/ABC foi iniciada antes da eclosão da mais recente polêmica, iniciada com a revelação do New York Times, na sexta-feira, de que Bush autorizou pessoalmente a Agência de Segurança Nacional a grampear telefones e computadores dentro dos EUA em busca de terroristas. Assim, a pesquisa não avalia o impacto desse novo fato na opinião pública. O governo ameaça iniciar uma investigação federal para saber quem vazou a notícia sobre o grampo secreto ao Times.