Título: Jungmann quer anular a sessão que absolveu acusado de receber mensalão
Autor: Denise Madueno
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Nacional, p. A7

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) pediu ontem a anulação da sessão em que o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) foi absolvido no processo de cassação, acusado de envolvimento no esquema de mensalão. Uma das razões do pedido foi o fato de o deputado Oswaldo Biolchi (PMDB-RS) ter sido flagrado por deputados distribuindo cédulas no plenário com o voto contrário ao parecer do Conselho de Ética da Casa, que era favorável à cassação. Ontem, Biolchi foi notificado pela corregedoria da Casa do processo contra ele protocolado pelo deputado Mauro Passos (PT-SC). Biolchi entregou um dos votos a Passos, que denunciou o deputado na frente de testemunhas que também estavam na fila para entrar na cabine de votação secreta durante o julgamento de Queiroz.

Os deputados Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) e Chico Alencar (Psol-RJ) estavam próximos a Passos e contaram que viram quando Biolchi distribuía cédulas a colegas da Casa. "A eleição foi viciada. Se a corregedoria abriu um processo contra Biolchi foi porque efetivamente houve razões para isso", argumentou Jungmann.

Jungmann entregou o requerimento à comissão representativa do Congresso, que responde às questões que ficam fora da convocação extraordinária, e uma cópia foi remetida também ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Queiroz foi absolvido pela Câmara por 250 votos a 162. Houve 22 abstenções, 1 voto nulo e 8 em branco. Do total de 513 deputados, 443 votaram, quórum baixo que acabou por beneficiar o parlamentar. Para a cassação de um mandato são necessários, no mínimo, 257 votos.

O parlamentar foi o primeiro da fila dos 11 acusados de se beneficiar diretamente do esquema montado pelo ex-tesoureiro petista Delúbio Soares a enfrentar o processo no plenário.

Sua absolvição foi apoiada pelo PT pelos partidos da base do governo e pelo PFL, todos com parlamentares envolvidos no mensalão. Queiroz disse que recebeu R$ 452.812,76 de Marcos Valério Fernandes de Souza. Mas garantiu que não ficou com nem um centavo.